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O massacre em Orlando e o drama dos gays no Islã

Em alguns países, os gays podem ser condenados à morte

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O massacre em uma boate gay em Orlando, na Florida, cometido pelo muçulmano Ormar Mateen, que se proclamava seguidor do Estado Islâmico (EI, ex-Isis), gerou reações diversas nas redes sociais. Parte da comunidade muçulmana condenou o atentado e o sentimento de homofobia, mas a outra metade, apesar de lamentar o ocorrido, se posicionou contrariamente aos gays e exigiu "punição" divina aos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. "Deus punirá os que se envolvem com homossexuais", foi uma das declarações dadas pelo pai do atirador Ormar Mateen, Mir Sediqque, que admitiu que o filho tinha "ódio" de gays. 

A tragédia, além de comover os Estados Unidos, ativou o debate que já existe há anos em comunidades muçulmanas da América, da África e do Oriente Médio, com organizações de defesa dos direitos LGBT que se opõem a legislações locais, jurídicas e religiosas. 

1)O que está previsto no direito islâmico? 

No discurso jurídico islâmico, existe o termo liwat, que se refere à sodomia. As punições para esta prática são diversas, mas incluem lapidação e castigos físicos.

    Atualmente existem 76 países hostis a homossexuais no mundo, a maioria no Oriente Médio e na África (a Europa é o único continente que quase não tem leis homofóbicas).

    As punições mais severas por sodomia são aplicadas na Arábia Saudita, Irã, Sudão, Afeganistão, Paquistão, Somália, Nigéria, Mauritânia e Iêmen. Em certos casos, é prevista até a pena de morte. 

2)Como a homossexualidade é vista em países muçulmanos? 

Geralmente, os gays são considerados perversos, que cometem um crime ou precisam de algum tratramento para curar a "doença". No Alcorão, duas suratas condenam relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, sendo uma delas a do povo de Ló, que teria sido destruído por praticar atos homossexuais. Outras religiões, como o catolicismo e vertentes ortodoxas, tambêm se opõem a práticas gays e citam a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra.

3)As mulheres homossexuais e os homens gays têm tratamento diferente em países muçulmanos? 

Sim. Por não existir penetração física entre duas mulheres, os casos acabam sendo mais tolerados e recebem punições mais brandas que os que ocorrem entre homens.

Além disso, em algumas culturas, há uma distinção entre os homens passivos - que são mais rejeitados-- e os ativos. Essa mentalidade está presente inclusive entre os combatentes do Estado Islâmico e do Talibã. As penas e punições são menores aos homossexuais ativos, que são vistos com mais potencial masculino que os passivos.

4)Como está o debate dos direitos gays em países muçulmanos? 

De acordo com estudiosos de comportamento e religião, atualmente a comunidade gay muçulmana passa por seu momento mais efervescente. Em 29 de junho de 2015, a 12ª Parada do Orgulho Gay da Turquia reuniu milhares de pessoas, que marchavam com bandeiras até a polícia dispersar o público com canhões de água. 

5)Em quais países as uniões homossexuais são permitidas? 

Na Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Inglaterra e País de Gales, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Escócia, África do Sul, Espanha, Suécia, Estados Unidos e Uruguai.