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'WSJ': Centenas de mortes no Mediterrâneo ressaltam crise de migração na Europa

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Matéria publicada nesta segunda-feira (30) no The Wall Street Journal, fala da triste realidade da crise dos refugiados que migram para a Europa. Acredita-se que umas 700 pessoas morreram nos últimos dias tentando atravessar o Mediterrâneo a partir do norte da África, informou a agência de refugiados das Nações Unidas ontem, um dado que destaca ainda mais os perigos da rota de migração mais mortal do mundo. O número é “uma estimativa conservadora”, com a maioria dessas mortes resultando de três grandes naufrágios, disse Carlotta Sami, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur, na sigla em inglês). A maioria dos migrantes era procedente da África Subsaariana.

A reportagem conta que na última semana, um navio afundou com umas 100 pessoas presas dentro dele, disse Sami, citando testemunhas. No dia seguinte, outro navio naufragou com umas 550 pessoas a bordo, segundo migrantes que assistiram ao ocorrido de uma embarcação próxima. Depois, na sexta-feira, dezenas de corpos foram retiradas de outro navio naufragado. também na semana passada, cerca de 15 mil migrantes partiram da Líbia e, em número muito menor, do Egito rumo à Itália, informou o Acnur, o que coloca ainda mais pressão sobre os recursos do governo italiano para acomodar os recém-chegados. A grande maioria vem de países da África Subsaariana, como Nigéria, Gâmbia, Somália, Costa do Marfim e Eritreia.

O Journal analisa que depois de uma pausa no fluxo migratório durante o inverno da região, a primavera trouxe uma onda de migrantes que deixaram a Líbia para tentar chegar à Itália. Até agora no ano, cerca de 40 mil migrantes atingiram a Itália por mar, um número semelhante ao do mesmo período dos últimos dois anos. Além dos 700 que podem ter morrido ontem, mil pessoas já perderam a vida neste ano tentando fazer a travessia, segundo a Organização Internacional de Migração. Mais de 150 mil pessoas percorreram a rota Líbia-Itália no ano passado, mas o fenômeno foi ofuscado por uma onda de migrantes que atingiram a Grécia por meio da da Turquia, em geral provenientes da Síria, Afeganistão e Iraque. Um acordo entre a União Europeia e a Turquia ajudou a reduzir esse fluxo a um mínimo nas últimas semanas. Milhares de migrantes foram salvos de embarcações frágeis nos últimos dias. No sábado, 668 pessoas foram resgatadas no mar, sem fatalidades registradas, disse um porta-voz da guarda costeira italiana. Além da guarda costeira, essas ações de salvamento foram realizadas por navios das marinhas da Itália e da Irlanda e pela organização não governamental Sea Watch. 

O WSJ fala que na França, em um evento separado que ilustra a gravidade do problema da imigração na Europa, um afegão morreu após ser atingido por um caminhão numa estrada perto da cidade costeira de Calais, aparentemente tentando entrar clandestinamente num veículo que seguia para o Reino Unido, disseram autoridades neste sábado. A vítima, um homem de 25 anos que vivia no enorme acampamento de migrantes na cidade francesa, foi atropelado nas primeiras horas de sábado. Ele foi mais uma de pelo menos 20 pessoas que morreram desde junho de 2015 na região de Calais, em tentativas de chegar ao Reino Unido. O homem fazia parte de um grupo de uns 50 migrantes que jogaram galhos de árvore na estrada para tentar reduzir a velocidade dos veículos, disse Marc Del Grande, secretário-geral da região de Pas-de-Calais. O acidente também ressalta o desespero dos migrantes que, em busca de uma vida melhor, tentam encontrar uma rota através do Canal da Mancha para chegar à Grã Bretanha, mas acabam presos no norte da França.

Um número estimado em 3.500 a 4 mil migrantes — muitos fugindo de conflitos em países como Sudão, Afeganistão e Síria — vivem em acampamentos improvisados na área de Calais, em condições que a ONU já descreveu como “absolutamente estarrecedoras”. Nos últimos meses, as autoridades francesas começaram a esvaziar os acampamentos da cidade, transferindo os migrantes para abrigos em todo o país. Mas o plano de realocação enfrenta a resistência dos próprios ocupantes dos acampamentos, muitos dos quais não querem renunciar à esperança de chegar ao Reino Unido. Assim, novos acampamentos estão se proliferando no litoral norte da França e em partes da Bélgica, agora que uma forte presença policial em Calais obriga os migrantes a procurar outras rotas para o Reino Unido, finaliza o The Wall Street Journal.