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Itália diz que Áustria faz propaganda sobre crise imigratória

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O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, voltou a elevar o tom nesta quarta-feira (4) contra o governo da Áustria, sobre a polêmica construção de uma barreira na fronteira em Brennero para controlar o fluxo de imigrantes.

"Aquilo que vimos do lado de lá de Brennero é assimilável e um puro exercício de propaganda como o próprio ministro alemão das Relações Exteriores falou. É uma operação perigosa porque se joga com o medo e quando se faz isso corre-se o risco de dar força para quem está bravo ressucitar fantasmas do passado", afirmou aos parlamentares.    

Para o governo italiano, a cidade de Brennero é "um sinal de amizade e de diálogo" e que um provável fechamento "não é nada mais do que uma provocação da propagando eleitoral austríaca". A nação vizinha está em plena corrida para a Presidência, onde um candidato de extrema-direita anti-imigração lidera.    

Renzi afirmou que aguarda que a União Europeia aja "em caso de elementos concretos" e que os austríacos aceitem o plano de imigração proposto por Roma à UE, o chamado "Migration Compact".    

Ao mesmo tempo em que o premier italiano falava com os parlamentares, a Comissão Europeia se reunia em Viena para debater os próximos passos a serem tomados em relação à crise imigratória.    

Entre as medidas que estão sendo debatidas, está a aprovação de um controle prorrogado de fronteiras para cinco áreas: a fronteira entre Áustria, Eslovênia e Hungria, a fronteira entre Áustria e Alemanha, a fronteira entre Dinamarca e Alemanha, os pontos de controle na Suécia e na região de portos interligados entre Noruega, Dinamarca, Suécia e Alemanha.    

Essas áreas são as consideradas "mais sensíveis" por causa das falhas da Grécia em monitorar suas fronteiras. Porém, nenhuma delas prevê a construção de barreira físicas - como a Áustria propôs para Brennero -, mas apenas um reforço na checagem e identificação de estrangeiros.    

Outros pontos discutidos são a remoção parcial de visto para cidadãos turcos, como uma das contrapartidas mais controversas do acordo assinado entre o país e o bloco na questão dos imigrantes, e a cobrança de 250 mil euros para cada imigrante realocado pela UE que for rejeitado por um país.    

Essa questão da "multa" foi questionada imediatamente pelos países que fazem parte do chamado grupo Visègraad (V4), República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia. Conhecidos por sua grande resistência em aceitar os refugiados, os membros do grupo não querem nenhuma imposição de cota da União Europeia para receber os deslocados. Para o ministro das Relações Exteriores da República Tcheca, Lubomir Zaoralek, a proposta de Bruxelas é uma "desagradável surpresa".    

Os líderes europeus também começaram a debater uma reforma do Tratado de Dublin, o mecanismo que obriga o registro de um estrangeiro no primeiro país europeu em que ele chegar. A nova medida seria mais "adequada" para gerenciar o alto fluxo de imigrantes que está chegando ao continente e prevê que, caso um país esteja recebendo pedidos demais de deslocados, as outras nações do bloco sejam obrigados a aceitar o registro dessas pessoas.    

A proposta, como era esperado, recebeu duras críticas do V4. "É um absurdo. É inaceitável e um tipo de proposta que não pode ser considerada europeia", afirmou o ministro das Relações Exteriores de Budapeste, Peter Szijjarto.