Em sua 12ª viagem internacional desde que assumiu a liderança da Igreja Católica em março de 2013, o papa Francisco retorna sexta sexta-feira (12) ao seu continente natal pela quarta vez. O argentino Jorge Mario Bergoglio chegará ao México em um avião da Alitalia para realizar entre os dias 12 e 18 de fevereiro uma viagem pastoral que tem como meta firmar uma aproximação com as autoridades do país, que é o segundo com a maior população católica do mundo, atrás apenas do Brasil (visitado por Francisco em julho de 2013).
Enquanto em muitos países latino-americanos a população se distanciou do catolicismo nos últimos anos -- de 90% em 1960 para 69% em 2014--, o México permaneceu como um dos Estados onde mais as pessoas se declaram seguidores do bispo de Roma.
No entanto, cerca de metade dos católicos mexicanos discordam de ao menos uma das posições defendidas pela Igreja. Para eles, por exemplo, casais homossexuais deveriam ser permitidos a legalizar sua união. A maioria (entre 55% e 70%) também é favorável ao sexo antes do casamento, ao divórcio e ao uso de métodos contraceptivos. De acordo com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, além dos temas recorrentes de seus discursos, como misericórdia, paz e esperança, Francisco deverá abordar questões relacionado à problemática social do México, de violência a criminalidade, narcotráfico e pobreza, já que o país sofre com a infiltração em organismos públicos de membros de carteis. Espera-se que o Papa peça para os católicos e líderes religiosos enfrentarem os desafios e denunciarem males de corrupção, narcotráfico e violência, temas que a Igreja local evita abordar para não se confrontar com o governo. Segundo Parolin, Francisco retomará também alguns pontos da viagem de Bento XVI, em 2012, ao México, como liberdade religiosa, "levando em conta que o país tem uma história perturbada com a presença de um forte laicismo que não permitiu o desenvolvimento de uma relação serena com a Igreja".
De fato, esta vai ser a primeira vez um Papa será recebido no Palácio Nacional e pelo presidente da República, Enrique Peña Nieto. "No Ano Santo da Misericórdia, parece que a presença do Papa no México significará uma ajuda ao país e à Igreja para redescobrir e viver, na rotina cotidiana, o aspecto da misericórdia e do testemunho", disse Parolin na véspera da viagem.
Dois outros temas da viagem de Francisco se referem à imigração, já que dezenas de cidadãos deixam o México rumo ao Estados Unidos, e à autorização do uso de idiomas indígenas em celebrações católicas, uma vez que a redução do número de mexicanos católicos se deve, em partes, pelo aumento do pentecostalismo.
Francisco chegará às 19h30 locais de amanhã na Cidade do México, após fazer uma parada na capital cubana, Havana, para um encontro histórico com o patriarca de Moscou, Kirill I. No sábado, ele se reunirá com Peña Nieto e com as autoridades da sociedade civil e diplomatas, além de celebrar uma missa na Basílica de Guadalupe. Dia 14, Francisco irá a Ecatepec, onde celebrará outra missa e o Ângelus. No fim do dia, visitará o hospital pediátrico Federico Gómez, na capital do país.
Durante a segunda-feira, o Papa fará uma missa para índios de Chiapas, com os quais almoçará, antes de visitar a catedral de San Cristóbal de las Casas. No dia 16, a agenda de Francisco inclui uma visita a Morelia e reuniões com jovens. Já no domingo, o Papa irá para Ciudad Juárez e passará por um complexo penitenciário antes de celebrar uma missa na cidade que possui um dos maiores índices de violência.
magnata mexicano Carlos Slim é um dos financiadores da visita do Papa ao país, de acordo com o coordenador geral da viagem, Eugenio Lira, citado pela Infolatam. Lira, que é secetário-geral da Conferência Episcopal Mexicana (CEM), disse que várias empresas de Slim estão envolvidas na viagem, como a Telmex e o Grupo Carso, para a montagem de salas de imprensa e fornecimento de fibra ótica.
Para os deslocamentos de Francisco dentro do país, a Aeromexico oferecerá os serviços. A companhia norte-americana Crysler, por sua vez, fabricará o papamóvel usado em aparições públicas.
Lira disse que as próprias empresas entram em contato com a Igreja para oferecer os serviços. No entanto, pela sua condição de chefe de Estado, Francisco também terá parte dos custos dos compromissos financiados por governos federal, estatais e municipais.