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'El País': Terreiro viking de Umbanda na Irlanda atrai estrangeiros 

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Matéria publicada neste sábado (2) no El País, conta que quando decidiu fundar um terreiro de umbanda em Dublin, na Irlanda, há cerca de um ano, Rodrigo Oliveira não teve dificuldade em invocar Oxossi, um dos orixás do panteão desta religião brasileira, para um intercâmbio na terra dos vikings. O mais tenso seria superar preconceitos, num país cuja história é marcada por sangrentos conflitos religiosos entre católicos e protestantes. Ainda assim, não chegou a ser uma surpresa que o maior caso de hostilidade partisse justamente de brasileiros. “Estávamos em busca de um espaço quando entramos em contato com uma das maiores escolas de inglês de Dublin, cujo dono é brasileiro. Quando soube do objetivo, o responsável disse, logo de imediato, que já havia uma sala dedicada a cultos, no caso evangélicos, e não queria misturar as coisas”, lembra  Pai Rodrigo D'Oxóssi, como é conhecido toda terça-feira.

Houve também o caso de uma médium, fiel da umbanda que se comunica com os espíritos dos ancestrais, que estava num pub muito frequentado por brasileiros. “Ela conversava sobre o centro e, de repente, uma mulher que ouvia a conversa começou a dizer que aquilo era coisa do demônio. Foi um momento difícil”, lembra. A peregrinação continuou até chegar a hora de encarar a desconfiança, dessa vez, dos irlandeses. Um galpão de 100 metros quadrados numa área comercial no centro de Dublin parecia perfeito, até que a imobiliária questionou se o objetivo do grupo era fazer bruxaria. Mas bastou um e-mail, no qual explicou a história da mais brasileira das religiões, para o contrato ser fechado. Nascia assim a Tenda de Oxossi e Pai Severino de Congo, o primeiro terreiro de umbanda na Irlanda.

Segundo a reportagem, o desafio seguinte foi preparar os rituais de proteção da casa, que exigem ervas específicas para cada orixá, segundo a crença dos umbandistas. Quando Ogum, por exemplo, o orixá do trabalho, indica ervas como Peregun, nativa da África Ocidental e dificilmente encontrada na Europa, o jeito é convencê-lo a usar um alecrim ou manjericão.