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Vaticano começa julgamento sobre novo vazamento de dados

Indiciamento de jornalistas provocou críticas à Igreja

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Começou nesta terça-feira (24) o julgamento de cinco envolvidos no vazamento de documentos sigilosos da Igreja Católica.

    Entre aqueles que serão ouvidos está o monsenhor espanhol Ángel Vallejo Balda, os ex-funcionários da Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas da Santa Sé (Cosea) Francesca Chaouqui e Nicola Maio e os jornalistas italianos Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi.

    O indiciamento dos dois últimos causou indignação em diversos organismos que defendem a liberdade de imprensa, dizendo que isso "viola" os direitos fundamentais dos jornalistas. Entre aqueles que se manifestaram contra o julgamento, está a Associação da Imprensa Estrangeira na Itália, que afirmou estar "profundamente preocupada" com a medida.

    "Lembra-se que as várias declarações sobre os direitos humanos assim como a Convenção Europeia dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais contêm não só a 'Liberdade de Religião' (artigo 9), muito invocada pela Igreja Católica e pelo Vaticano, mas também a 'Liberdade de Expressão' (artigo 10)", escreveu o conselho diretor da entidade em nota.

    Chamado de "Vatileaks 2", por ser semelhante ao caso de vazamento de documentos ocorrido em 2012, o processo investigará documentos sigilosos da Cosea dados para os jornalistas Nuzzi e Fittipaldi. Eles apontam supostos gastos excessivos de religiosos com bens pessoais, desvio de dinheiro de entidades católicas e diversos questionamentos do papa Francisco sobre o uso do dinheiro recebido pela Igreja.

    Com posse desses dados, Fittipaldi e Nuzzi publicaram dois livros - que já são os mais vendidos da Itália. "Avarizia", escrito pelo primeiro, e "Via Crucis", feito pelo segundo, mostram esses documentos e as dificuldades do Pontífice em fazer reformas dentro da instituição. (ANSA)