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Sujeita a um processo duplo, Dilma não é mais imune ao impeachment

'Rousseff não precisava disso', diz Les Echos

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O jornal Les Echos, de Paris, publica nesta sexta-feira (9/10) análise sobre a situação política da presidente Dilma Rousseff e seus aliados. Para o jornal parisiense, Rousseff não precisava disso. A presidente do Brasil, de repente vem a ser o alvo de dois processos, do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal de Contas da União que enfraquecem ainda mais a sua posição. Ambas as bombas têm nada a ver uma com a outra, mas sua concomitância,  porém,  não é nenhum acidente.

De acordo com o Les Echos, sentindo-se ameaçada, Dilma Rousseff tentou no final de setembro, uma manobra final, fazendo uma profunda reforma no gabinete. Ela então tentou consertar a maioria da explosão do espectro de impeachment enquanto aprovava o seu programa de austeridade. Reduzindo seus o número de ministérios de 39 para 31, a presidente dá espaço para o seu aliado parlamentar inevitável, mas muito indisciplinado, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, centro-direita), confiando-lhe sete ministérios.

Petrobras

Atolada em escândalos, em que a Petrobras se destaca com um amplo processo de corrupção, Dilma Rousseff, reeleita por uma margem estreita em 2014, não possui mais de 10% de índice de aprovação! A descida ao inferno, ela está tentando revertê-la completamente para afastar ameaças de impeachment. "O período entre este mês e o Natal vai ser crucial para Dilma Rousseff", explica Stéphane Monclaire, cientista político, professor na Paris 1.

Segundo o jornal, os processos instaurados mantêm um clima de crise política, que danifica sua legitimidade e popularidade e pesa em uma situação econômica já desastrosa. " Dilma deve obter o desempenho econômico rápido em um país dominado por uma recessão brutal. PIB, de acordo com as últimas previsões do FMI, deverá diminuir 3% em 2015. É por isso que conta com o plano de austeridade de  Joaquim Levy, cujas medidas ainda não foram votadas. É com esse plano que o Brasil pode recuperar a credibilidade particularmente entre agências de rating internacionais.

Ataques de seus adversários

No terreno político, o líder do Partido dos Trabalhadores também deve proteger-se dos ataques dos seus adversários. Seus críticos, no entanto, estão enfraquecidos. Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados foi acusado de ter uma conta na Suíça bem abastecida. Seus adversários também estão divididos sobre o que fazer em caso de impeachment.  Cada um dos partidários do PMDB tem um calendário eleitoral diferente. Se Aécio Neves, Dilma derrotou em 2014, nas eleições, aderiu a causa rapidamente, outros, como o prefeito do Rio, preferem esperar para capitalizar sobre o efeito Olimpíadas.

Retorno de Lula?

A frente também é suscetível de abrir com Lula, o ex-presidente. O inventor do Bolsa Família quer ocupar de novo a cadeira de presidente e vai se destacar de Dilma Rousseff. Mas, como muitos outros políticos, Lula também é pego em negócios. Pode ser interrogado pela polícia, o juiz da Suprema Corte suspeita que ele seja capaz de obter benefícios da rede de corrupção da Petrobras.