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Novo embaixador brasileiro na Bolívia assumirá cargo até novembro

Brasil planeja retomada de relações com o país vizinho, azedadas após fuga de senador opositor 

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O Brasil planeja retomar suas relações com a Bolívia, estremecidas após a fuga clandestina do senador boliviano Roger Pinto Molina para solo brasileiro em 2013. Na ocasião, o então embaixador Marcelo Biato foi removido do cargo e o país ficou sem qualquer representante em La Paz. No início de setembro, a situação começou a melhorar: o diplomata Raymundo Santos Rocha Magno foi aprovado pelo Plenário do Senado para assumir a embaixada brasileira na Bolívia. Ele assumirá o posto até a primeira quinzena de novembro.

Sua tarefa não será fácil; desde fevereiro deste ano, com a saída do Jerjes Justiano da embaixada boliviana em Brasília, La Paz também não indicou nenhum novo nome para o cargo. Apenas em 2015, a fragilização nas relações dos dois países já resulta em uma queda de 26% no comércio entre eles, na comparação com o mesmo período do ano anterior. De 2014 a 2013, redução havia sido de 2,5%. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). As negociações para a renovação do contrato de exportação de gás boliviano para o Brasil, que vencem em 2019, também não avançaram até agora. 

O nome de Magno, que atuou como assessor especial da presidente Dilma Rousseff na Casa Civil em 2006, foi indicado em 2013, logo após a remoção de Biato do cargo. No entanto, opositores como Aloy Nunes (PSDB), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), frearam a convocação de sua sabatina enquanto a situação da fuga de Pinto Molina não era solucionada. Em agosto, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) concedeu status de refugiado ao senador boliviano.

Além do afastamento de Biato da embaixada, o chefe de chancelaria Eduardo Saboia, que o substituía temporariamente no cargo, foi criticado pelo governo de Evo Morales. Isso porque ele ajudou Molina em sua fuga clandestina para o Brasil, mesmo que as autoridades bolivianas tivessem negado seu pedido de asilo politico. Molina chegou a ficar na embaixada brasileira em La Paz durante 455 dias.

O diplomata Raymundo Magno recebeu 59 votos a favor e 2 contra, tendo havido uma abstenção no Plenário do Senado. Com sua posse na embaixada, o governo vê o início de uma nova etapa na retomada das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com a Bolívia. Uma de suas principais tarefas será retomar o projeto de construção de uma hidrelétrica binacional no lado boliviano do rio Madeira.  

Por Ana Siqueira