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Guinada conservadora no Brasil seria uma catástrofe, afirma vice de Evo Morales 

Em entrevista à Folha, o boliviano opinou que crise da esquerda na Am. Latina é transitória

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Em visita ao Brasil a convite do Instituto Lula, o vice-presidente da Bolívia Álvaro García Linera afirmou que, devido ao protagonismo brasileiro na América Latina, uma guinada conservadora no país seria uma "catástrofe" para toda a região. O político concedeu uma entrevista exclusiva à Folha de S. Paulo, na qual opinou que a crise da esquerda é transitória.

De acordo com o vice de Evo Morales, a esquerda da América Latina incorreu em dois erros: descuidou dos vínculos com os setores sociais e teve dificuldades para distribuir o peso do ajuste econômico. "Mas eu tenho esperança de que seja um desvio temporário, relacionado à substituição de lideranças, como no caso da Venezuela e Argentina, e aos efeitos da crise econômica", afirmou à jornalista Patrícia Campos Mello, que assina a matéria.

Linera também foi enfático ao falar à reportagem da Folha sobre as tentativas de integração entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico. De acordo com ele, as negociações só irão para a frente quando o Chile der ao governo boliviano a "almejada saída para o mar". 

Falando especificamente sobre o Brasil, o vice-presidente da Bolívia enfatizou a importância do país para a América Latina. "A existência de governos de esquerda no Brasil na última década criou espaço para o desenvolvimento de governos revolucionários e progressistas no resto do continente. Sempre que países da região foram alvo de ataques antidemocráticos, o Brasil foi uma voz de respeito às instituições e às decisões de cada país. Seria terrível para o continente uma postura diferente do Brasil", afirmou. 

Sobre um possível impeachment à presidente Dilma Rousseff, Linera atestou não poder se "intrometer na política interna do Brasil". Mesmo assim, disse esperar que isso não aconteça. De acordo com ele, o governo Evo Morales está atento às tensões na política brasileira. 

Sobre o status de refugiado concedido pelo Brasil ao senador boliviano Roger Pinto, o vice-presidente boliviano disse à Folha que lamenta a decisão. "Roger Pinto está no Brasil não porque seja um ideólogo da oposição, ele roubou dinheiro e fugiu. Nós não recebemos corruptos como refugiados", criticou. 

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Por Ana Siqueira