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Papa alerta bispos: Sínodo da Família 'não é Parlamento'

Francisco pediu que não sejam feitos 'acordos' vazios na reunião

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 O papa Francisco abriu nesta segunda-feira (05) os trabalhos efetivos do Sínodo da Família e pediu para que os mais de 270 bispos não transformem o encontro em um Parlamento. "O Sínodo é um caminhar juntos com um espírito de colegialidade, adotando corajosamente a parrésia [discurso corajoso, franco].

    Não é um Parlamento onde para chegar a um consenso se faz um acordo comum, uma negociação ou assumem-se compromissos. O único método é se abrir ao Espírito Santo com coragem apostólica e humildade evangélica", ressaltou. Pedindo que os bispos atuem em "prol da Igreja, das famílias e da saúde das almas", Francisco exortou os religiosos a ter "coragem apostólica para levar vida e não fazer da vida cristã um museu de recordações".

    Com o tema de "As vocações e as missões da família na Igreja e no mundo contemporâneo", o XVI Sínodo da Família está reunindo 270 padres sinodais, 74 cardeais, seis patriarcas, um arcebispo, 72 arcebispos, 102 bispos, dois padres diocesanos e 13 religiosos, 14 delegados fraternos (que representam outras religiões cristãs), 24 especialistas e 51 auditores - entre os quais estão 17 casais. Por isso, Jorge Mario Bergoglio, pediu que os participantes "saibam esvaziar-se de suas próprias convicções e pré-julgamentos para escutar os irmãos bispos e preencher o espaço com Deus". "A humildade leva-nos a não apontar o dedo para os outros para julgá-los, mas para estender a mão, levantá-los e nunca se sentir superior a eles", disse.

    O papa argentino reforçou por diversas vezes o pedido de que os participantes do encontro "escutem Deus" para que as ações sejam verdadeiras. "Sem escutar Deus, todas as nossas palavras serão só palavras que não saciam e não servem. Sem deixar-se guiar pelo Espírito, todas as nossas decisões serão apenas decorações que, ao invés de exaltar o Evangelho, o cobrem e o escondem", afirmou.

    A fala de abertura de Francisco ocorre um dia após a missa com mais de 400 religiosos no Vaticano, em que o Pontífice ressaltou que uma "Igreja com portas fechadas trai a si mesma e a sua missão". Para o líder dos católicos, a instituição deve sempre "detestar o pecado", mas "acolher aqueles que erram".

    O Sínodo sobre a família segue até o dia 25 de outubro e irá debater sobre os desafios da família católica. Entre os temas que deverão levantar as maiores polêmicas estão a comunhão para pessoas divorciadas que voltaram a se casar e uma maior abertura para os gays na Igreja. - Padre revela ser gay e é afastado: No sábado (03), enquanto os religiosos se preparavam para a vigília de orações do Sínodo, o monsenhor Krzysztof Charamsa deu uma entrevista ao jornal "Corriere della Sera" revelando ser homossexual e ter um companheiro. Ele foi imediatamente afastado de suas funções no Vaticano - onde atuava na Congregação para a Doutrina da Fé e lecionava em universidades católicas.

    Segundo o religioso, a decisão de fazer um anúncio antes do Sínodo era para causar uma reflexão de que o "amor homossexual é um amor que tem a necessidade da família".

    Apesar da postura de maior diálogo de Francisco, é provável que a instituição católica dê poucos passos em relação ao tema, já que a corrente conservadora é muito grande entre os bispos. O próprio Pontífice sempre defendeu que a família é composta por um homem e por uma mulher, como manda a doutrina católica.