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Ataque contra hospital no Afeganistão pode ser crime de guerra, diz ONU

Ação é atribuída aos EUA. Dezenove pessoas morreram, sendo três crianças

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Ao comentar neste sábado (3) o ataque aéreo que atingiu um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras em Kunduz, no norte de Afeganistão, o chefe do escritório de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, falou em "crime de guerra". Ao menos 19 pessoas morreram, sendo três delas, crianças.

“Esse evento profundamente chocante deve ser rapidamente, profundamente e independentemente investigado, e seus resultados devem ser tornados públicos. A seriedade do incidente é ressaltada pelo fato de que um bombardeio contra um hospital pode ser considerado um crime de guerra”, disse Zeid Ra'ad al-Hussein em um comunicado, acrescentando que o fato é "extremamente trágico, sem desculpas e possivelmente até criminoso".

"A aviação militar afegã e internacional tem a obrigação de respeitar e proteger os civis o tempo todo, e as instalações médicas e seu pessoal são objeto de proteção especial", completou

Do total de mortos, 12 eram funcionários da organização, quatro eram pacientes adultos e três eram crianças. Outras 37 pessoas ficaram feridas.

Segundo o Médico Sem Fronteiras denunciou em suas redes sociais, o ataque durou cerca de meia hora em uma área que "todas as partes do conflito, incluindo Cabul e Washington, conheciam as coordenadas das nossas estruturas há meses". O porta-voz das forças norte-americanas no Afeganistão, coronel Brian Tribus, informou que a operação "poderia ter causado danos colaterais a uma estrutura médica da cidade" e que "o incidente está sendo investigado". Já os militares afegãs alegam que, no hospital, "se escondiam de 10 a 15 terroristas" que foram mortos, mas reconheceram que "também médicos morreram".

O comissário da União Europeia para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, afirmou estar "profundamente chocado sobre a morte do staff médica da MSF". Até mesmo os talibãs, que estão sendo atacados pelos EUA, afirmou que o "ataque selvagem" é condenável. A ONG Emergency, que também trabalha com hospitais de campanha na região, condenou o atentado e prestou "solidariedade" aos colegas do MSF. "Bombardear um hospital onde se curam feridos é um ato de violência inaceitável. Um hospital é um local de cura e como tal é tutelado. É preciso que os hospitais sejam respeitados por todos os lados do conflito, como previsto na Convenção de Genebra", afirmou em nota a organização.

A Emergency também informou que as pessoas que estavam sendo atendidas pelo Médico Sem Fronteiras serão transferidos para seus hospitais.

A região de Kundus está sendo bombardeada pelos EUA e por forças locais desde o dia 29 de setembro, quando amanheceu nas mãos do grupo terrorista Talibã. Essa é a primeira cidade que os extremistas conseguem reconquistas desde que o regime talibã foi derrubado pelos norte-americanos em 2001.

O chefe do Pentágono, Ashton Carter, afirmou que está em andamento uma investigação exaustiva sobre o bombardeio, apesar de não confirmar que foi realizado pelas forças americanas.

Com Ansa