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Imigrantes tentam chegar a Áustria a pé

Grupo de 200 estrangeiros está caminhando rumo a Viena

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A Hungria declarou nesta sexta-feira (4) estado de emergência devido à crise migratória que atinge o país há meses e a qual se intensificou nas últimas semanas com centenas de refugiados tentando cruzar as fronteiras para chegar à Europa. O Parlamento húngaro também aprovou um pacote de leis restritivas à passagem dos estrangeiros, mas a medida de enviar militares do Exército à fronteira não conseguiu o apoio da maioria. Desde o mês passado, centenas de imigrantes tentaram chegar à Hungria para solicitar asilo na União Europeia (UE). Para evitar o fluxo, o país construiu uma cerca de arame farpado de 175 metros em sua fronteira com a Sérvia. Além disso, as autoridades bloquearam o acesso de estrangeiros a trens internacionais na estação de Keleti, provocando um tumulto na capital Budapeste.

    Nesta sexta-feira, cerca de 200 imigrantes que foram impedidos de embarcar nos trens decidiram fazer o trajeto até a fronteira com a Áustria a pé. A distância é de 240 quilômetros até Viena e a polícia está acompanhando o grupo e bloqueano o trânsito para evitar incidentes. Apelo - O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Antonio Guterres, pediu nesta sexta-feira (4) que a União Europeia (UE) implemente um programa de recolocação para abrigar 200 mil imigrantes em todos seus países-membros.

    "A Europa está enfrentando o maior fluxo de imigrantes das últimas décadas e são necessárias medidas urgentes e corajosas", disse Guterres. "As pessoas que possuem um pedido válido de proteção devem se beneficiar de um programa de recolocação de massa, com a participação obrigatória de todos os Estados-membros da UE", defendeu o comissário.

    Já o general norte-americano Martin Dempsey, chefe de Estado-maior das Forças Armadas dos EUA, disse em uma entrevista à rede ABC que a crise de imigrantes e refugiados na Síria e no norte da África é uma "emergência enorme" que durará mais de 20 anos.

    De acordo com entidades internacionais, o fluxo migratório que atinge a Europa é o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Medidas - Ontem, o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, disseram que apresentariam propostas para amenizar a crise.

    Em uma carta enviada hoje aos líderes europeus, a dupla pediu a criação imediata de "hot-spots", que são considerados centros para imigrantes pedirem asilo. Eles desejam que estes locais estejam plenamente em atividade até o fim do ano.

    Alguns países europeus já começaram a adotar medidas. A Polônia, por exemplo, anunciou a criação de um plano que permitirá o recebimento de cinco mil a 30 mil refugiados, a maioria sírios e eritreus.

    O Reino Unido também deve acolher cerca de quatro mil refugiados sírios e de regiões centrais do Oriente Médio, de acordo com a porta-voz da Acnur, Melissa Fleming. O governo britânico, porém, ainda não confirmou a cifra.

    Reações - Criticando a postura dos países europeus que se opõem à distribuição de imigrantes, como República Tcheca e Eslováquia, o premier turco, Ahmet Davutoglu, disse se sentir "orgulhoso" de governar uma nação que hospeda dois milhões de refugiados sírios e iraquianos. "Tentamos por quatro anos tentar desviar a atenção do mundo sobre o fato de que existe uma crise humanitária na Síria. Se as crianças sírias não ficam seguras em suas casas, então os nossos filhos em Ancara, Paris, Londres ou Nova York", ressaltou. Crise - A Hungria, a Grécia e a Itália são consideradas os principais portas de entrada de imigrantes para a Europa devido à proximidade territorial com nações do Oriente Médio e do norte da África que enfrentam situações de instabilidades internas e guerras. Nesta semana, a crise migratória chamou a atenção mundial após a publicação de uma foto de um menino sírio de 3 anos, identificado como Aylan Kurdi, morto em uma praia da Turquia, em uma tentativa de viajar com sua família até a ilha grega de Kos.

    Também foram constantes as imagens de dezenas de imigrantes se acotovelando para embarcarem em trens na Hungria com destinos a países europeus, como Alemanha e Áustria.

    O ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, pediu para que as autoridades da UE reavaliem os termos da Convenção de Dublin, a qual exige que os imigrantes requisitem asilo no primeiro país em que desembarcarem na Europa. Uma mudança no tratado permitiria que outras nações mais distantes das rotas migratórias pudessem receber refugiados.

    Diariamente, a ilha italiana de Lampedusa, no Mediterrâneo, resgata dezenas de embarcações ilegais lotadas de imigrantes que tentam chegar ao continente. A maioria delas leva cidadãos líbios e é controlada por traficantes de seres humanos. Desde janeiro, mais de 350 mil pessoas cruzaram o Mar Mediterrâneo e 2,6 mil morreram no mar, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). (ANSA)