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Venezuela amplia estado de exceção na fronteira com Colômbia

Presidente colombiano ameaçou entrar em Tribunal de Haia

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O governo da Venezuela decidiu ampliar o número de cidades que estão em "estado de exceção" na fronteira com a Colômbia. Segundo o artigo 1º do decreto 1.969, publicado na terça-feira (01), a medida será aplicada nos "municípios de Lobatera, Panamericano, Garcpua de Hevia e Ayacucho".

    A nova legislação visa, de acordo com o documento de 19 artigos, deportar aqueles considerados "paramilitares", a proibição do porte de armas e fazer escutas telefônicas sem a autorização da Justiça e valem por 60 dias - sendo prorrogáveis pelo mesmo período. Até o momento, já são 10 as cidades que estão sob a lei, que proíbe o trânsito entre os dois países em 160 quilômetros dos 2.219km de fronteira.

    As medidas, aplicadas desde o dia 19 de agosto, atingem a área de Táchira, considerada de grande movimentação de contrabandistas e de traficantes de drogas. Ali, uma suposta "emboscada" de paramilitares colombianos e venezuelanos, deixou gravemente feridos três soldados do governo de Nicolás Maduro.

    Desde então, mais de mil colombianos que moravam na região - entre eles, muitas mulheres e crianças - foram deportados sem nenhuma formalidade e viram suas casas serem destruídas pelas autoridades de Caracas.

    - Colômbia ameaça ir ao Tribunal de Haia: A Procuradoria Geral da Colômbia está considerando a possibilidade de denunciar os fatos na fronteira com a Venezuela para o Tribunal Internacional Penal, em Haia. Segundo o presidente do país, Juan Manuel Santos, "vários membros da cúpula civil e militar do governo venezuelano poderão ser responsabilizados por crimes contra a humanidade".

    Em um pronunciamento, o mandatário chegou a comparar a expulsão dos cidadãos colombianos do território venezuelano ao nazismo.

    Santos afirmou que o método usado na marcação e demolição das casas dos colombianos é "igual ao realizado nos guetos alemães".

    "Na época, perguntávamos onde estava o mundo quando essa infâmia aconteceu? E agora a pergunta que fazemos é: onde está nossa região?", desabafou.

    A afirmação ocorre um dia depois da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) negarem o pedido para convocar os chanceleres para uma reunião urgente para analisar o caso. O presidente assegurou que seu país levará a questão para a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos e as agências das Nações Unidas, como a Organização Mundial para Migração e o Alto Comissariado para os Direitos Humanos.

    "É evidente que a estratégia do governo venezuelano consiste em dar a culpa aos colombianos por todos os seus problemas. [Isso] é absurdo e fora da realidade. Se os outros cederem à paranoia, nós manteremos a serenidade das nossas ações", finalizou o presidente.

    - Entenda o caso: Desde seus processos de independência, as duas nações alternam momentos de conflito e de cooperação bilateral. A partir da década de 1980, com o aumento do tráfico de drogas e combustíveis, os problemas voltaram a ser frequentes.

    Especialmente, entre os anos de 2002 e 2010, durante os governos de Álvaro Uribe (Colômbia) e Hugo Chávez (Venezuela), a situação voltou a ser caótica.

    A atual crise culminou com o fechamento da fronteira entre os dois países no dia 19 de agosto - que, inicialmente, deveria permanecer nessa situação por apenas 72 horas. Porém, o chefe de Estado venezuelano mudou de ideia no dia seguinte e determinou que o acesso terrestre ficasse fechado por tempo indeterminado.

    (ANSA)