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Renzi pede reforma de legislação para refugiados na UE

Premier italiano fez dura crítica à crise migratória na região

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O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, fez uma dura crítica às políticas de imigração europeia e defendeu a criação de um "direito ao asilo" no continente. Em uma entrevista ao jornal "Corriere della Sera", o premier sugeriu que seja criado um mecanismo no qual as autoridades europeias tenham acesso a pedidos de asilo no país natal dos imigrantes, evitando, assim, que os estrangeiros se arrisquem em viagens clandestinas. 

Atualmente, a Itália é considerada uma das principais portas de entrada de imigrantes ao continente europeu. A ilha de Lampedusa, no sul do país, recebe diariamente dezenas de embarcações clandestinas lotadas de imigrantes que viajam para cruzar o Mar Mediterrâneo. Em abril de 2015, mais de 800 pessoas morreram em um naufrágio. "É preciso superar a Convenção de Dublin e criar uma política de imigração europeia, com um direito de asilo europeu", disse Renzi, referindo-se à atual legislação do bloco que tenta agilizar os processos de candidaturas de refugiados previstos na Convenção de Genebra e impedir que uma pessoa apresente duas solicitações a Estados diferentes.

"Este é o momento certo para lançar uma ofensiva política e diplomática. A Europa deve parar de se comover e começar a se mover. Acabou o prazo para o silêncio", afirmou o líder italiano, anunciando que esta será "sua batalha nos próximos meses". "Acredito que está emergindo a verdade sobre a imigração: não é um problema italiano, mas uma grande crise mundial e europeia que deve ser afrontada por Bruxelas, não por Lampedusa", criticou. 

Há meses, o governo italiano tenta fazer a União Europeia (UE) criar um mecanismo baseado em "responsabilidade compartilhada", no qual todos os países do bloco se tornem agentes no problema da imigração. Hoje em dia, apenas as nações que recebem os estrangeiros, como Itália e Grécia, sofrem com superlotações de centros de acolhimento e tragédias. "Esta será a batalha do meu governo: internacionalizar esta crise", ressaltou Renzi, dizendo que, entre as medidas de prevenção, está a ampliação da presença europeia em ajudas ao Oriente Médio e à África. "Investir mais na cooperação internacional, facilitar a repatriação e bloquear os traficantes de seres humanos. Isso deve ser feito sempre", exaltou. 

A entrevista de Renzi foi publicada no mesmo dia em que a secretária britânica do Interior, Theresa May, pediu uma reforma do princípio de livre circulação na UE, de modo a autorizar a permanência no Reino Unido somente de imigrantes que possuem emprego. Em um artigo assinado no jornal "Sunday Times", May definiu como "não sustentável" o atual nível migratório, que, de acordo com ela, "pressiona os serviços públicos de infraestrutura, moradia e transporte". Ela também ressaltou que, desde 2010, a imigração em países europeus mais que duplicou, situação que "faz o governo querer renegociar as relações do Reino Unido com a UE". Neste domingo, May também anunciou que seus colegas da França e da Alemanha pretendem convocar uma reunião urgente sobre o tema no dia 14 de setembro, em Bruxelas.