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Milícia líbia prende 3 suspeitos por naufrágio de imigrantes

Barco com 500 pessoas sofreu acidente na quinta-feira passada

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Três pessoas foram presas neste sábado (29/08) em Zuwara, na Líbia, por milícias locais, acusadas de envolvimento com a tragédia com um barco de imigrantes que pode ter provocado a morte de 300 na quinta-feira passada. A embarcação levava 500 passageiros e, até o momento, 198 foram resgatados com vida. Outros 110 corpos foram retirados do mar e há 200 desaparecidos. A milícia líbia responsável pelas prisões emitiu um comunicado dizendo que está empenhada em "combater qualquer tipo de crime" nas regiões de seu domínio. 

De acordo com fontes locais, os presos são Alyasse Krshaman, de 21 anos, Ayou Askeer, de 32 anos e Nasem Azzbi, de 21 anos. A milícia também divulgou a foto dos três homens detidos, que aparecem segurando imagens de cadáveres de crianças encontrados no navio. A atuação da milícia na busca pelos responsáveis pela tragédia está relacionada aos pedidos feitos pela população local, que saiu às ruas para protestar com cartazes de que "Zuwara não pode ficar na mão de sanguessugas". Os passageiros da embarcação eram provenientes da África subsaariana, Paquistão, Síria, Marrocos e Bangladesh, e tentavam alcançar a Itália através do Canal da Sicília, a "rota mais mortal do mundo", de acordo com as autoridades.

Diante de tragédias diárias no Mar Mediterrâneo, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, analisa a possibilidade de realizar um encontro extraordinário em 30 de setembro para debater o tema. "A imigração será um assunto central na agenda dos chefes de Estado e de Governo que estarão em Nova York para a Assembleia Geral", disse Ban. O presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), cardeal Angelo Bagnasco, também criticou a crise migratória na Europa.

"É um verdadeiro banho de sangue", disse. Mesmo com a tragédia na Líbia há dois dias, continuam os desembarques de imigrantes na Itália, que atravessam o Mar Mediterrâneo em navios ilegais comandados por traficantes para tentarem reconstruir a vida em outros países, fugindo de guerras e problemas sociais. A Líbia enfrenta uma grave crise interna desde a queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011, e está dividida em vários "pedaços" de poder. A configuração atual do país faz com que a infiltração de grupos terroristas, como o Estado Islâmico, e de grupos de traficantes de pessoas fique facilitada.