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Ex-arcebispo acusado de pedofilia morre no Vaticano

Wesolowski seria o 1º membro da Igreja a ser julgado pelo crime

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O ex-núncio apostólico na República Dominicana e ex-arcebispo de Cracóvia Józef Wesolowski, 66 anos, foi encontrado morto na madrugada desta sexta-feira (28). O polonês era acusado de diversos crimes relacionados à pedofilia e seria o primeiro integrante da Igreja Católica a ser julgado por tais ações.   

 "Nas primeiras horas desta manhã, foi encontrado morto em sua residência no Vaticano o monsenhor Wesolowski. Rapidamente, foram chamadas as autoridades vaticanas para os primeiros procedimentos, que indicam que a morte ocorreu por causas naturais", declarou em nota a Santa Sé.    Segundo o Vaticano, a Promotoria de Justiça já ordenou uma autópsia do corpo, "que será efetuada ainda hoje", e seus resultados serão comunicados "assim que possível". O comunicado ainda diz que o papa Francisco foi informado sobre o caso.    

Fontes ouvidas pela ANSA relatam que o ex-núncio foi achado por volta das 5h da manhã (hora local), em frente a uma televisão ligada, por um franciscano do Colégio dos Penitenciários - que são os frades que fazem as confissões dos fiéis na Basílica de São Pedro. Wesolowski morava no local por ordem de Jorge Mario Bergoglio e não tinha autorização para sair da residência, sendo uma espécie de "prisão domiciliar".    

O julgamento do ex-arcebispo deveria ter iniciado no dia 11 de julho, mas foi adiado porque, cerca de 24 horas antes do início dos trabalhos, o polonês teve um aumento de pressão e precisou ser internado por alguns dias em Roma. A notícia da morte do ex-religioso pegou de surpresa seu advogado no caso de pedofilia, Antonello Blasi. "Fui informado hoje e, nos próximos dias, quando voltar a Roma, retomarei uma visão geral de tudo - incluindo os resultados da autópsia", disse à ANSA. Ele ressaltou que encontrou Wesolowski nos últimos dias e que ele estava "sereno e disponível como sempre". A mando do Papa, o ex-bispo foi preso em setembro de 2014 pelas autoridades vaticanas e chegou a ir para o presídio do Estado.    

Porém, dois meses depois, ele foi transferido para a prisão domiciliar para cuidar de sua saúde.    O ex-núncio era acusado de abusar sexualmente de menores enquanto atuava em Santo Domingo, entre janeiro de 2008 e agostos de 2013, e de arquivar material pornográfico infantil.    Além disso, havia ainda as acusações de receptação (por ter recebido ou comprado o material pornográfico proveniente de um delito), de lesões graves (por perturbação mental provocada em adolescentes) e por conduta que ofende a religião e a mortal cristã (por acesso ao material pornográfico e pedófilo).    

Desde que anunciaram o julgamento, os juízes vaticanos afirmavam que havia motivos suficientes para iniciar o processo e que tudo estava sendo baseado em investigações realizadas pela Santa Sé sobre o caso. Ele poderia pegar até sete anos de prisão pelos crimes.    

Na esfera religiosa, o polonês já havia sido condenado pela Congregação para a Doutrina para a Fé pelos crimes sexuais. A sentença canônica lhe rendeu a perda do título de arcebispo e o encaminhou para responder por seus atos na Justiça.