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'La Nación': Doze anos depois, Argentina se aproxima de novo tempo político

Cristina Kirchner entregará o poder num contexto de relativa calma e ordem social, diz analista

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De repente os argentinos se encontram a sete dias de começar a escolher o próximo presidente, diz um artigo de Alejandro Catterberg, do jornal La Nación, publicado neste domingo (02/08).  

“Contrariamente ao que algumas vozes manifestaram nestes últimos anos, não foram produzidas nem renúncias antecipadas, nem vazio de poder, nem julgamentos políticos, nem tampouco o kirchnerismo se transformou num regime autoritário disposto a perpetuar-se no governo por fora das regras democráticas”, escreve Catterberg, que é diretor da Poliarquía Consultores

Ao contrário, Cristina Kirchner entregará o poder num contexto de relativa calma e ordem social. O cidadão médio tem trabalho, recebe seu salário em dia, consome em cotas e pode tirar férias. Os serviços públicos que utiliza funcionam de forma satisfatória e são gratuitos ou muito baratos. Está preocupado com a insegurança e a inflação e, em menor medida, pela corrupção.

Muitos recebem ajuda do Estado através de algum subsídio ou tiveram acesso a uma aposentadoria mediante a moratória previdenciária. Pareceria pouco para um país com o potencial da Argentina, mas são muitos os que se conformam com isso.

Depois de três governos encabeçados pelos Kirchner, o país se aproxima de um novo tempo político.

Independentemente de quem ganhar, o próximo ciclo político será diferente porque o contexto econômico e internacional mudou, porque se espera uma renovação das equipes de governo, uma virada na política exterior, uma distensão na relação com os meios de comunicação e a Justiça, uma nova articulação da relação nação-províncias, uma oxigenação das formas de fazer e entender a política e uma modificação do programa econômico, que deixará de ser de economia do “aguente” (para chegar ao final do mandato) a um programa que terá que encarar as restrições e decisões postergadas, mas com um horizonte temporal maior.

Neste marco, a pesquisa de Poliarquía Consultores do La Nación permite contar com algumas certezas antes das eleições do dia 9 de agosto. A primeira é que Daniel Scioli será o candidato mais votado e o FPV a força política que vai obter o maior número de votos.

A segunda é que a Frente Cambiemos, com Mauricio Macri como líder, será a segunda força e se tornará a principal alternativa com vistas às eleições de outubro.

A pesquisa também indica que o peronismo dissidente obterá um importante caudal de votos que serão fundamentais no resto do processo eleitoral. Além disso é quase seguro que Margarita Stolbizer, e muito provavelmente Rodríguez Saá e o FIT, superarão o umbral eleitoral de 1,5% exigido para participar nas eleições gerais.

Apesar disso, a pesquisa não pode dar uma resposta definitiva a dois interrogantes fundamentais: quão longe de 45% ficará Daniel Scioli? Qual será a diferença entre o FPV e a frente liderada por Macri, Carrió e Sanz?

De acordo com diferentes hipóteses do comportamento dos indecisos - e sem considerar a margem de erro que este tipo de estudos possui - o resultado do próximo domingo pode apresentar dois cenários muito diferentes.

Por um lado, poderia se dizer uma situação competitiva entre o FPV e Cambiemos, com uma diferença entre ambas forças próximas de 5%. No entanto, também pode ocorrer que Daniel Scioli supere a barreira de 40% e obtenha uma diferença de quase 10 pontos sobre Cambiemos e ainda maior sobre Mauricio Macri.

Sustentar isso não significa dizer que pode chover ou pode não chover, mas que a diferença entre os dois cenários depende de que apenas 3% do eleitorado se se incline para um lado ou outro. Neste sentido, tudo o que suceda nos próximos sete dias revestirá de enorme importância eleitoral.

As declarações acertadas ou infelizes, os spots publicitários, as aparições televisivas, as notícias econômicas, os fechamentos de campanha, o nível de participação o dia das eleições, o trabalho de fiscalização.

Em cada detalhe se põe em jogo a eleição. Nos poucos dias que restam entre hoje e os comícios será definida boa parte do futuro político do país.