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'Le Figaro': Europa pronta para dizer 'não' à Grécia

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"A vitória do não tem um preço e ele está se anunciando alto para onze milhões de gregos. Apesar das últimas reticências da França, os países do euro vão apresentar a fatura a Alexis Tsipras, sob a forma de uma escolha politicamente impossível: ou ele assina o plano de rigor que o referendo acabou exatamente de rejeitar com mais de 60 %, ou então a porta está bem aberta para o caos e a saída da moeda comum", diz um artigo publicado nesta segunda-feira (06/07) pelo jornal francês Le Figaro.

Como prelúdio das horas dramáticas da reunião de cúpula do Euro na noite desta terça-feira (07/07), o clima esquentou fortemente. Em Bruxelas, os «duros» estão manobrando e os «conciliadores» estão em recesso. O comissário Pierre Moscovici, muito assíduo nos microfones até domingo, deverá a partir de agora permanecer em silêncio. É seu mentor, o vice-presidente da Letônia Valdis Dombrovskis, que dá o tom: «A Grécia fica na Europa », disse ele, esquecendo deliberadamente de acrescentar “e na zona do euro” – o que até aqui era o mantra da comissão Juncker. O chefe do executivo europeu, irritado com os subterfúgios do chefe do Syriza, dará o empurrão do fatídico dia, com um discurso que sua equipe descreve com antecipação como sendo muito determinado.

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, se pergunta “se ainda se pode salvar” a situação, antes do ponto sem volta. Em linguagem levemente diplomática, o chefe do SPD alemão Sigmar Gabriel acredita que a cúpula vai sem dúvida “discutir uma ajuda humanitária”. Uma maneira de dizer ao primeiro ministro grego que ele não deveria contar tanto nas linhas de crédito do BCE, do FMI ou do fundo de resgate.

Nem o sucesso do referendo, nem a saída de cena do turbulento ministro das Finanças Yanis Varoufakis pareceram acalmar os credores. Raros são os governos que se dizem prontos para pagar por um 3º plano de resgate - 50 bilhões no mínimo -, supondo que o chefe do Syriza volte atrás. Na melhor das hipóteses, as capitais do euro poderiam prometer a anulação a longo prazo de uma parte dos 195 bilhões de dívida grega que eles detêm. Era a primeira exigência dos radicais gregos em janeiro. Nesse princípio, eles receberão apoio do FMI. Mas isso não vai ajudar o Tesouro de Atenas à fazer frente a seus prazos do dia seguinte. E comme le souligne Christine Lagarde, ce sera les réformes d'abord et la contrepartie financière plus tard. Para Alexis Tsipras, a poção poderia ser amarga.