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Professores universitários param por 24h na Venezuela

Categoria protesta por baixos salários e denuncia abusos

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Os professores da Universidade Central da Venezuela (UCV) decretaram uma greve de 24 horas nesta terça-feira (05) para protestar contra os baixos salários que a categoria recebe. A entidade é uma das mais importantes do país.    

"A Venezuela entrou no livro dos recordes porque só neste país acontece de um professor universitário ganhar menos do que o salário mínimo. Isso não ocorre em nenhum país do mundo", denuncia Víctor Márquez, presidente da Federação das Associações dos Professores Universitários da Venezuela (Fapuv).    

Márquez ainda acrescentou que "a partir do dia 1º de maio, os professores titulares e os professores assistentes de tempo integral estão recebendo abaixo do salário mínimo". O líder se referia ao aumento salarial anunciado pelo presidente Nicolás Maduro, que não beneficia ao grêmio docente, e assegurou que a paralisação das atividades é uma "ação de protesto pelos maus-tratos que o setor universitário vem sendo alvo".    

O presidente da Fapuv lembrou ainda que em "2001, um professor titular, que é o que mais recebe, ganhava 13 salários mínimos.    

Hoje, esse professor que tem doutorado e pós-doutorado ganha dois salários mínimos".    Maduro decretou um aumento, fracionado em duas partes, de 30% no salário mínimo para comemorar o Dia Internacional do Trabalhador. O primeiro ajuste, de 20%, já está valendo enquanto o segundo, de 10%, será aplicado a partir do dia 1º de julho.    

Para o governo, o valor mínimo será de US$ 1162 (7.324 bolívares) porque ele considera a taxa oficial de câmbio, que está em 6,30 bolívares por dólar. O problema é que grande parte das vendas no comércio do país são feitos com ajustes no câmbio Simadi, no qual o governo vende dólares às pessoas físicas a uma taxa de cerca de 200 bolívares.    

Com isso, o salário médio dos professores fica em cerca de US$ 70.  "No Equador, um professor universitário está ganhando US$ 5 mil.    

Na Venezuela, o professor que mais ganha leva US$ 67 dólares", lamentou Márquez. O sindicalista ainda levantou outro ponto muito grave para a educação do país: a saída de recursos humanos para o setor privado ou estrangeiro.    

"Nós formamos o recurso humano aqui, mas eles estão indo para o Equador, Bolívia, Argentina, México e até para o império [Estados Unidos]", diz o líder que informa que cerca de 700 professores da UCV e 400 da Universidade Simón Bolívar (USB) "deixaram o país".    Durante a assembleia que buscava soluções para a melhora salarial, o professor líder do movimento, não descarta uma marcha para protestar pelas condições de trabalho. Eles também querem apoio de organismos nacionais, com a Defensoria Pública, e internacionais, como a Unesco, para reclamar pelo "direito de dar e receber educação de qualidade e trabalhar com remuneração e condições dignas".    

"Mais que autoridades, somos professores. Não tenham medo porque estaremos nas ruas defendendo a Universidade", afirmou Cecília García Arocha, reitora da maior casa de estudos da Venezuela.  Outras universidades, como a de Carabobo e dos Andes, também estão estudando ações para protestar contra os baixos salários.