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Financial Times repercute pedido de falência da Galvão Engenharia

Jornal britânico cita preocupação com obras para Olimpíadas e infra-estrutura no Brasil

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O jornal britânico Financial Times publicou nesta sexta-feira (27/03) um artigo de Samantha Pearson, repercutindo o pedido de recuperação judicial feito pela empreiteira brasileira Galvão Engenharia, tornando-se “a primeira grande empreiteira a entrar em colapso sob a pressão do maior escândalo de corrupção da história do país”.

“A empresa privada citou suas finanças deterioradas como consequência das investigações da Polícia Federal sobre um suposto esquema de corrupção na Petrobras, chamada Operação Lava Jato.

Acusada de envolvimento no mesmo escândalo, a Galvão Engenharia afirmou que enfrenta atrasos nos pagamentos e dificuldade de obter acesso a novos capitais”, escreve Pearson.

“Desde o fim de 2013 houve repetidos atrasos nos pagamentos devidos pela Petrobras por vários contratos. Isso foi combinado com um reduzido acesso a mercados credores pelo setor de construção, severamente atingido pela Operação Lava Jato,” afirmou na quarta-feira o Grupo Galvão, empresa controladora da Galvão Engenharia.

Procuradores estimam que a Galvão Engenharia e outras grandes empreiteiras conspiraram com executivos da Petrobras e políticos durante grande parte da última década para cobrar bilhões de dólares dos contratos da empresa petroleira.

Erton Medeiros Fonseca, um diretor da Galvão Engenharia, permanece sob custódia depois de ser preso devido ao escândalo no último mês de novembro. A empresa negou qualquer envolvimento e está cooperando com as autoridades.

Galvão Engenharia não é a única enfrentando problemas de financiamento. A OAS, outra grande empreiteira que presta serviços à Petrobras, está negociando com credores depois de não cumprir com pagamentos de dívida enquanto a Alumini Engenharia, empresa menor, já pediu proteção judicial.

Adicionando pressão ao setor, procuradores públicos em fevereiro entraram com um processo cobrando R$ 4,47 bilhões da OAS, Galvão Engenharia e quatro outras das maiores empreiteiras do país: Camargo Corrêa, Sanko, Mendes Júnior e Engevix.

“Em dezembro, a Petrobras também descartou 23 fornecedores, incluindo a Galvão Engenharia, devido ao escândalo, impedindo que elas obtenham contratos futuros. Porém, a empresa estatal de petróleo disse à agência Reuters na quarta-feira que estava em dia com suas obrigações contratuais.

Os problemas na indústria de construção não levantaram apenas preocupações sobre obras para as Olimpíadas no Rio de Janeiro no ano que vem, mas também sobre os esforços do país para reformar sua precária infra-estrutura. Só no ano passado a Galvão Engenharia ganhou os direitos de operar por 30 anos um trecho rodoviário em dois dos estados agrícolas do Brasil”, escreve a jornalista.

O escândalo de corrupção surgiu em março do ano passado quando o ex-diretor da unidade de refinaria da Petrobras, Paulo Roberto Costa, fez um acordo de delação premiada após sua prisão por acusações de lavagem de dinheiro.

“A investigação foi crescendo na medida em que mais testemunhas foram aparecendo, ameaçando engolir os setores de petróleo e construção assim como o governo da presidenta Dilma Rousseff”, conclui o artigo do Financial Times.

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