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'El País': Venezuela fica sozinha

Restabelecimento de relações entre Cuba e EUA isola governo de Nicolás Maduro

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O jornal espanhol El País faz uma análise nesta quarta-feira sobre a reaproximação dos Estados Unidos e Cuba e a repercussão na América Latina. “Em sua primeira reação, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, quis destacar ‘a valentia’ do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao reatar totalmente as relações diplomáticas entre seu país e Cuba, e qualificou o ato ‘como o gesto mais importante de sua presidência’. O governante venezuelano, que participa na Argentina da cúpula do Mercosul, deu ênfase à liberação dos três cubanos presos em Miami por espionagem que foram soltos como parte das negociações. “Já estão em sua terra, livres, dignos, é uma vitória da moral, da ética da resistência, da lealdade aos valores, é uma vitória de Fidel, do povo cubano”, afirmou.

O jornalista Alfredo Meza conta que Nicolás Maduro elogiou Obama como nunca tinha feito antes e resgatou a passagem do discurso na qual o governante norte-americano destaca o fracasso do embargo como política para isolar o regime cubano. “Teria parecido uma correção histórica conseguida, segundo estão dizendo, com a ajuda do papa Francisco, nosso Papa”, disse Maduro. Foi apenas uma alta nas tensas relações que os dois países mantêm desde 2001, quando o então presidente Hugo Chávez criticou a guerra iniciada por Washington no Afeganistão depois dos atentados terroristas de 11 de setembro em Nova York.

A notícia acontece em meio a uma cruzada iniciada por Maduro para tentar transformar em agressão à Nação o anúncio de sanções do Senado norte-americano a 56 altos funcionários do regime de Caracas, ainda dependente da sanção do Executivo do país para tornar-se lei. As respostas a essa moção da bancada republicana foram variadas: desde um acordo de rechaço aprovado pela maioria chavista na Assembleia Nacional até a queima dos vistos de turista proposta na emissora oficial de televisão por Iris Varela, ministra de Assuntos Penitenciários.

Com o fim do embargo ainda pendente, a Venezuela começa a ficar como o único aríete do discurso anti-imperialista na América. Cuba acabou de dar um passo definitivo no sentido do regresso progressivo à democracia, o que supõe uma mudança no cenário internacional de consequências imprevisíveis. Havana se deu conta dos riscos de depender exclusivamente das veleidades da economia da Venezuela, cujo fluxo de receitas se baseia nos preços do petróleo. Com a mais recente queda da cotação do óleo bruto parecia mais iminente a necessidade de cortar a dependência total de dinheiro venezuelano”, conclui o artigo do El País.