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'La Nación': Cristina abre a cúpula do Mercosul

Entrada da Bolívia no bloco é um dos temas mais importantes da conferência

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O jornal La Nación publicou nesta quarta-feira uma matéria (17/12) sobre a Cúpula de Presidentes do Mercosul, que acontece na cidade de Paraná, na província argentina de Entre Rios e foi aberta por Cristina Kirchner. Um dos principais objetivos do encontro será a incorporação plena da Bolívia ao bloco regional, embora ainda não se tenha chegado a um acordo porque o Paraguai impõe sérias objeções. No entanto, o país poderia retirá-las se obtiver os benefícios comerciais que reivindica", diz o artigo de Mariano Obarrio.

"O tema mais político é o ingresso da Bolívia no Mercosul. Ainda não há acordo porque o Paraguai tem uma posição muito dura", disse uma fonte do governo argentino ao La Nación. Ele acrescentou que "só os chefes podem solucionar isso".

Até agora, os países do bloco que aprovaram a entrada da Bolívia em seus parlamentos são Argentina, Venezuela e Uruguai. Só faltam Brasil e Paraguai. O conflito reside no fato de que enquanto foi aprovado o protocolo do ingresso da Bolívia, o Paraguai estava suspenso do Mercosul - devido ao golpe de Estado contra o ex-presidente Fernando Lugo - e agora reclama um novo protocolo.

"Este é um grande problema para os países que já  aprovaram", disse uma fonte argentina. Se há acordo prévio, será tratado na reunião de presidentes. Se não, é provável que não seja abordado. Até agora eles não vêem uma volta.

Mas a diplomacia brasileira sustenta que o Paraguai, na realidade, poderia ceder em troca de alguns pedidos comerciais pendentes. O país reivindica o estabelecimento de zonas francas, a extensão desse regime até 2030, assim como dos regimes especiais de importação, todas as demandas que apresentou na cúpula da Venezuela em julho passado.

A presidenta está acompanhada de seu chanceler, Héctor Timerman; o representante argentino no Mercosul, Juan Manuel Abal Medina; o embaixador no Brasil, Luis María Kreckler e a ministra da Indústria, Débora Giorgi que leva a Paraná a ideia de reforçar o comércio dentro do Mercosul.

A presidenta espera a aprovação na Câmara de Deputados do projeto de lei que criará um sistema de eleição direta dos deputados argentinos do Parlamento do Mercosul, cargo ao qual ela poderia postular quando terminar seu mandato. 

Dizem na chancelaria que a data limite da consolidação do Parlasul é 2020, mas se os países chegarem a um acordo poderão se reunir antes. Daí a pressa argentina. No entanto, o debate ficou envolto na polêmica dos foros parlamentares da Presidenta, que lhe serviriam para se proteger do avanço de causas judiciais nas que se investigam possíveis irregularidades em suas empresas e de sua família.

A consolidação do Parlasul não será imediata. Na realidade, o Uruguai demora a aprovar sua lei porque sua Constituição é muito rígida com o sistema eleitoral e seria necessária uma reforma constitucional. Por outro lado, no Brasil, a fragmentação parlamentar impede um acordo para tratá-la. Só o Paraguai elegeu seus deputados do bloco por voto direto.

Também se poderia tentar chegar a um acordo para apresentar à União Europeia o tratado de livre comércio sobre o qual o Mercosul ainda não lançou luz.

"O governador de Entre Ríos, Sergio Urribarri, é o anfitrião do encontro e tentará aproveitá-lo para se consolidar como pré-candidato presidencial da Frente para la Victoria visando as eleições de 2015, e com o apoio de um setor do kirchnerismo. Em sua equipe de campanha, são organizados alguns eventos para que ganhe visibilidade em uma cidade que ficou lotada com a enorme quantidade de gente nas comitivas, especialmente a do venezuelano Nicolás Maduro, com mais de 300 guarda-costas.

Entre os chanceleres, serão aprovadas também normativas para acordar prazos de entrada em vigor das zonas francas dos países membros e um acordo de importação de bens de capital que vigoram até 2015. Neste ponto, o Paraguai pede para que seja estendido por mais cinco anos, para dar previsibilidade a seus investimentos", conclui a matéria do La Nación.