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Papa diz que é 'lícito' deter Estado Islâmico, mas critica força militar

Francisco iniciou hoje uma viagem de três dias à Turquia

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O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (28) que é "lícito" enfrentar grupos terroristas, como o Estado Islâmico (EI, ex-Isis), mas destacou que a força militar não é a única "resposta" à situação. "Reiterando que é lícito deter uma agressão injusta, sempre respeitando o direito internacional, gostaria de lembrar que não se pode confiar a resolução do problemas apenas à resposta militar", disse Francisco, sem citar diretamente o EI, que tenta estabelecer um califado sunita no norte da Síria e do Iraque.

    O grupo tem adotado métodos violentos, como decapitações e perseguições, o que mobilizou a comunidade internacional em uma operação militar para detê-lo. A declaração de Francisco foi dada ao lado do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, com quem se reuniu nesta manhã, em Ancara, a primeira etapa de sua viagem de três dias à Turquia.

    De acordo com Francisco, uma das soluções para combater o fundamentalismo e o terrorismo é a "solidariedade entre todos os fiéis". "Com o diálogo interreligioso, é possível banir toda forma de fundamentalismo e terrorismo, que humilha gravemente a dignidade de todos os homens e instrumentaliza a religião", afirmou. Referindo-se às guerras na Síria e no Iraque, Francisco afirmou que são cometidas "violações humanitárias" nos dois países. "A violência parece não se interromper nunca. Vemos violações das mais elementares leis humanitárias, no tratamento de prisioneiros e de grupos étnicos", comentou. "Foram verificadas graves perseguições de grupos minoritários, especialmente cristãos e yazidis. Centenas de milhares de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas e seus país para salvar a própria vida". "Por quanto tempo ainda o Oriente Médio deve sofrer com a falta de paz?", criticou Francisco. "Há muitos anos, essa terra é palco de guerras fatricídias, que parecem nascer uma da outra, como se a única resposta possível à guerra e à violência fosse mais guerra e violência", argumentou o Pontífice. Francisco também fez um apelo para que que judeus, muçulmanos e católicos tenham os mesmos direitos e deveres. "É fundamental que os cidadãos muçulmanos, judeus e cristão tenham os mesmos diteiros e respeitem os mesmos deveres", disse.

    "Dessa forma, será mais fácil que todos se reconheçam como irmãos e companheiros de estrada, afastando cada vez mais as incompreensões e favorecendo a colaboração", destacou o Papa. "A liberdade religiosa e a liberdade de expressão, eficazmente garantidas a todos, estimularão o florescimento da amizade, tornando-se um eloquente sinal de paz", completou. Francisco pediu ainda que a comunidade internacional ajude a Turquia, que está recebendo centenas de refugiados de países em conflitos. Francisco foi o primeiro visitante de alto nível recebido no Palácio Presidencial turco, que tem 200 mil metros quadrados e foi inaugurado no mês passado, sob críticas de ONGs ambientalistas. Logo que desembarcou na Turquia, na manhã de hoje, o Papa visitou o Mausoléu de Ataturk e depositou uma coroa de flores.

    "Formulo os votos mais sinceros para que a Turquia, ponte natural entre dois continentes, não seja somente um cruzamento de caminhos, mas também um lugar de encontro, diálogo e convivência serena entre os homens e mulheres de boa vontade de toda cultura, etnia e religião", disse o Papa, ao assinar o livro de visitas. Na manhã de sábado, Francisco deixará Ancara e seguirá para Istambul, onde terá compromissos políticos e religiosos. Esta é a sexta viagem internacional de Francisco, que assumiu a liderança da Igreja Católica em março do ano passado. Ao longo de 2014, o Pontífice visitou a Terra Santa, Jordânia, Israel e Palestina (maio), a Coreia do Sul (agosto), a Albânia (setembro) e a França (novembro). Em 2013, o Papa esteve no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). (ANSA)