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'La Nación': Exportações argentinas caem e “efeito desânimo” preocupa

Vendas ao exterior encolheram 16% em outubro; superávit despencou 39%

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O jornal La Nación publicou nesta quarta-feira (26/11) um artigo sobre o momento econômico vivido pela Argentina. “As previsões da Organização Mundial de Comércio (OMC) são favoráveis para as exportações globais. Segundo seus cálculos, estima-se que elas vão se expandir em 3,1 % no final deste ano. No entanto, a Argentina se distanciou desse crescimento há vários meses”, diz a matéria de Francisco Jueguen. 

“Em outubro, as exportações desabaram 16% em comparação com o mesmo mês do ano passado (já sofrem uma baixa de 11% no acumulado de dez meses), devido aos menores números dos setores de automóveis e grãos de soja. Mas além disso, colocando mais pressão sobre a escassez de dólares, o saldo comercial de outubro despencou 39% e chegou a US$ 361 milhões. Segundo estimativas privadas, se prevê que o superávit comercial de mercadorias deste ano gire em torno de US$ 7,5 bilhões. A esse número é preciso deduzir o déficit na balança de serviços, que chegará a mais de US$ 5 bilhões, um número similar ao que o Banco Central já deve aos importadores. Justamente, as compras no exterior caíram 14% no mês passado devido ao impacto das restrições oficiais”, escreve o jornalista.

Nesse contexto, "o efeito desânimo" preocupa entre os analistas do comércio exterior. Segundo os especialistas, tal efeito se expande entre as empresas e se caracteriza pela decisão de não reorientar a venda de seus produtos desde um mercado interno deteriorado até um mundo que se expande,  por causa das restrições - que afetam a produção e a relação com os clientes-, a falta de competitividade e de políticas de promoção.

"As exportações nunca chegaram a reagir depois da desvalorização de janeiro", afirmou Jorge Vasconcelos, chefe de investigadores do Ieral (Fundação Mediterrânea). "Isto se deve ao fato de que a melhora nos preços relativos foi vista como transitória, o que se agravou com a acentuação dos entraves às importações, que afetavam a produção e a possibilidade das empresas de cumprir com seus clientes", explicou.

Vasconcelos acrescentou a estas variáveis um problema estrutural. "Há também uma pobre atualização tecnológica. 85% das exportações do setor automotor vão para o Brasil, enquanto que 15%, para o resto do mundo. É muito difícil aumentar esta última porcentagem", assinalou.

"As exportações caem muito em relação a um mundo que cresce. O problema é endógeno", afirmou o diretor da consultora DNI, Marcelo Elizondo, opinião que coincidiu com a de Vasconcelos. "Se está perdendo a possibilidade de compensar o enfraquecimento doméstico, e isso se deve ao atraso cambial, mas também por causa da baixa taxa de investimento, a alta carga tributária e a congestão regulatória no comércio exterior."

“Segundo a abeceb.com, as exportações se mantiveram em US$ 62,083 bilhões no ano. Para a consultora, as causas da baixa são a queda da produção de milho, trigo e combustíveis, a contração dos preços internacionais das commodities, a perda de inserção de setores industriais, a desaceleração do Brasil e a estocagem de grãos, que os produtores decidem não vender”, conclui o artigo do La Nación.