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Corte italiana anula condenação de ex-presidente da Eternit

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A Corte de Cassação de Roma anulou nesta quarta-feira (19) a condenação a 18 anos de prisão contra o ex-presidente da Eternit Stephan Schmidheiny. Ele havia sido sentenciado em junho de 2013 pelo Tribunal de Apelação de Turim por desastre ambiental doloso causado pelo uso do amianto, um mineral altamente tóxico e cancerígeno.    

No entanto, segundo a principal instância judiciária da Itália, o crime do magnata suíço prescreveu. "Vergonha, vergonha", gritaram em protesto os familiares das centenas de vítimas que morreram por causa do contato com o asbesto. Com a decisão, também foram canceladas às milionárias indenizações que a empresa e Schmidheiny deveriam pagar aos parentes dos mortos, à região do Piemonte e à cidade de Casale Monferrato, onde ficava a maior fábrica do grupo.    

Até meados dos anos 1980, essa unidade liberava o mineral no meio ambiente, contaminando milhares de pessoas. Estudos científicos mostram que o contato prolongado com o amianto pode provocar graves problemas à saúde, como o mesotelioma, um tipo agressivo de câncer que atinge a pleura, membrana que envolve o pulmão.    

Como o período de incubação dessa doença é de aproximadamente três décadas, as pessoas que viviam em Casale Monferrato e região naquela época ainda correm risco de desenvolver o tumor. "Estou decepcionada, prefiro esperar antes de acrescentar qualquer coisa", declarou a prefeita da cidade, Concetta Palazzetti.    

"Queremos justiça. Quando começamos nossa batalha, sabíamos que estávamos fazendo isso pelos nossos jovens, para que eles não morressem por causa do amianto. Mas não conseguimos", disse Romana Blasotti, líder da Associação de Familiares e Vítimas do Amianto.    

A mulher de 85 anos está muito bem de saúde, mas já perdeu cinco parentes por conta do contato com o mineral. Segundo ela, a substância ainda provoca de 50 a 60 mortes por ano em Casale Monferrato.