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'El País': Poder de Putin e fracasso de Obama seriam verdades questionáveis

Jornal espanhol contesta informações naturalizadas, como o futuro protagonismo da China

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O El País publicou uma matéria nesta terça-feira (23) contestando o que ele chama de “verdades arraigadas pela opinião pública internacional e por analistas”. Segundo o jornal, a ideia de que Vladimir Putin seja o líder mais poderoso do mundo atual, de que o presidente norte-americano Barack Obama teria fracassado e de que a China será a próxima super-potência do planeta são suposições equivocas. O motivo dessas naturalizações como verdade seria, de acordo com o jornal, a turbulência geopolítica, as crises econômicas e as convulsões sociais que impedem as pessoas de avaliar melhor o que acontece no mundo.

No caso de Vladimir Putin, o jornal questiona a durabilidade do enorme poderio que a Rússia concentra atualmente. O jornal diz que a economia russa já não caminhava bem antes do conflito com a Ucrânia e se enfraqueceu ainda mais por conta das severas sanções que foram impostas pelos Estados Unidos e pela Europa.

De acordo com o El País, a moeda russa caiu para seu menor valor já registrado na história e a fuga de capitais é de R$ 175 milhões só no primeiro semestre. O jornal diz que Putin certamente continuará sendo um líder importante e suas ações terão consequências mundiais. Contudo, sua estratégia econômica, suas relações internacionais e sua política doméstica seriam consideradas insustentáveis.

Sobre Obama, o El País afirma que a ideia de que Obama fracassou – o presidente norte-americano teria metade da popularidade de Putin - se deveria muito à tendência de superestimar o poder dos Estados Unidos. Além disso, outro fator que o jornal aponta como influenciador dessa ideia é a de que a Casa Branca deva intervir de forma mais agressiva em conflitos como os da Síria e da Ucrânia.

O jornal de Madrid diz que com as mudanças globais, até o presidente norte-americano tem menos poder que seus predecessores. Segundo o El País, contrariando os que acreditam que ser presidente dos Estados Unidos é ter poderes quase sobre-humanos, Obama estaria se saindo muito melhor do que os críticos admitiriam.

Em relação à China ser a próxima superpotência do planeta, o jornal é categórico: no século XXI, nenhum país irá protagonizar o papel de potência dominante. O El País reconhece que a China realmente terá cada vez mais influência na economia e na política internacional – em alguns anos, será inclusive a maior economia do planeta. Contudo, aponta também para a existência de duas Chinas: uma relacionada com a globalização e o dinamismo econômico e outra que carece de serviços básicos de moradia, saúde e educação.

De acordo com o jornal, a renda de 48% da população que mora em zonas rurais pobres equivale a um terço do que ganham os habitantes das grandes cidades. Além disso, os esforços governamentais para controlar a informação, censurar a Internet e limitar a troca de ideias criariam um ambiente responsável por inibir a inovação – fator indispensável o sucesso de qualquer país.

*Do programa de estágio do JB