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El País: Argentina enfrenta crise que pode durar até 2015

A postura da presidente é de não pagar as parcelas da dívida

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O El País, em notícia desta segunda-feira (18), fala sobre a Argentina que entrou, em 30 de julho, em uma crise de dívida que o mercado apostava que acabaria em alguns dias ou semanas. Acreditava-se nas gestões de quatro bancos internacionais – Citigroup, JP Morgan, HSBC e o Deustche Bank – que haviam iniciado a compra dos fundos abutres da dívida argentina dos Estados Unidos para, assim, desfazer o bloqueio judicial dos Estados Unidos sobre os passivos refinanciados em 2005 e 2010.

Mas, segundo o jornal espanhol, a manobra não deu certo. Agora os analistas preveem que o governo de Cristina Kirchner não vá pagar parcialmente a dívida reestruturada e que a crise se estenda até janeiro de 2015.

Segundo o El País, Kirchner usa dois argumentos para não pagar os fundos abutre dos Estados Unidos. O primeiro é que 7,6% dos titulares da divida de 2001, e que rechaçaram a reestruturação de 2005 e 2010, não devem se beneficiar com o pagamento de 100% da dívida. Enquanto que o restante (92,4%) que aceitou o refinanciamento e quitou apenas 65% em 2005, agora essa quantia representa apenas 25%.

O segundo argumento da presidente da Argentina é que em 31 de dezembro deste ano uma clausula da dívida daria uma melhor compensação aos que se opuseram ao pagamento, e deverão propor o mesmo àqueles que aprovaram. O resultado disso é o desembolso milionário que acabaria com a reestruturação que tem permitido a recuperação econômica do país, um debate que já leva 13 anos.

Segundo o El País, o prazo para os pagamentos iguais a todos os credores em 31 de dezembro, leva a crer que a crise da dívida vá até janeiro de 2015. Frente a essa perspectiva, o Peso começou a ficar desvalorizado nos mercados de câmbio paralelos. Tudo isso cria uma expectativa de desvalorização da moeda argentina.

Quando isso não acontece os exportadores agrícolas atrasam suas vendas e os importadores tentam avançar as compras. Agora, o fato de que a soja, principal produto de exportação da Argentina, está sofrendo a mesma queda de preços, o que contribui para outras matérias-primas, o que também afeta o resto da América Latina.

O El País cita a economia do Brasil, o maior comprador das exportações de manufaturados da Argentina, que está estagnada. Diante deste contexto, o Banco Central tem atrasado a venda de moeda estrangeira para empresas que tenham importado mercadorias. Indústrias alegaram que as importações restringem os insumos para a produção.

Ainda segundo o El País, uma nova depreciação da moeda argentina, como aconteceu em janeiro, levaria a um risco de inflação aprofundando a recessão que acomete o país. Segundo o jornal o Governo de Kirchner tem adotado medidas para evitar a contração da economia. Foram anunciadas a ampliação do subsidio a empresas em risco, a construção de 105 mil habitações sociais até 2015, aumento dos gastos do governo em 56% em junho e a redução das taxas de juros. A postura de Cristina Kirchner, contra os fundos abutre dos Estados Unidos,  tem sido refletida em sua popularidade, mas também há uma apreensão que o atraso do pagamento da dívida traga problemas para a economia argentina e pode influenciar as eleições.