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Atentado em Bagdá tirou inocência da ONU, diz representante da organização

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A Organização das Nações Unidas (ONU) celebra hoje (19) o Dia Mundial da Ação Humanitária. A data lembra o dia em que 22 funcionários da organização, entre eles o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, morreram há 11 anos, em um ataque terrorista na capital iraquiana, Bagdá.

Para o coordenador residente da ONU no Brasil, Jorge Chediak, o incidente trágico tirou a inocência do trabalho feito pela organização. “Foi um dia trágico em Bagdá, em 2003, em que a ONU perdeu a inocência", afirmou Chediak.

Segundo ele, até então, a organização presumia que sua bandeira e seu trabalho para a comunidade internacional tinham respeito de todas as partes. "Até então isso tinha sido realidade, mas esse dia mostrou que alguns fanáticos, equivocados, podiam considerar o trabalho político humanitário das ONU como um inimigo, e pagamos o preço com a vida de 22 colegas”, lamentou Chediak, durante o lançamento do selo dos Correios em homenagem a Vieira de Mello, que, na época, era representante especial do secretário-geral das Nações Unidas no Iraque.

O evento foi realizado no Complexo Sérgio Vieira de Mello Casa das Nações Unidas no Brasil, que reúne as várias agências da ONU em Brasília, com a participação de representantes dos Correios, do Itamaraty e de algumas embaixadas. Chediak disse que, desde então, muitos ataques tiveram como alvo trabalhadores humanitários da ONU em todo o mundo. No ano passado, o número de funcionários mortos chegou a 110, o maior desde a criação da organização. Neste ano, até o momento, 59 trabalhadores foram assassinados em várias áreas de conflito pelo mundo.

Segundo o representante da ONU no Brasil, este ano registra o maior número de pessoas apoiadas por agências humanitárias: 54 milhões em 26 países. “São necessários US$ 17 bilhões para cobrir as necessidades mínimas, simplesmente para manter essas pessoas vivas”, disse Chediak. Ele destacou que, além das “valiosas contribuições materiais”, o mundo espera muito do Brasil por meio do exemplo e do engajamento de mais brasileiros nas operações humanitárias.

Chediak reconheceu, no entanto, que a falta de consenso no Conselho de Segurança da ONU, órgão com prerrogativa política mais efetiva, atrasa respostas que deveriam ser mais rápidas. “Lamentavelmente, em muitas dessas situações, o Conselho de Segurança não tem consenso, não tem acordo. Isso leva à demora para resposta políticas. E, finalmente, estamos limitados a lidar com os efeitos da crise por meio da resposta humanitária.”

O Brasil tem colaborado em ações humanitárias principalmente com a doação de alimentos, como o envio de arroz para refugiados palestinos. Além disso, o país busca apoio para uma reforma na estrutura da ONU, com o reequilíbrio de forças no mundo atual, já que a atual distribuição, principalmente do Conselho de Segurança, foi determinada após a Segunda Guerra Mundial, há quase sete décadas.