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O efeito bumerangue: sanções sobre a Rússia afetam fortemente Alemanha 

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O jornal alemão Der Spiegel publicou uma reportagem nesta quarta-feira (23) sobre a possível crise econômica no país causado por sanções impostas à Rússia. 

 Os Estados Unidos e a Europa anunciaram, semana passada, sanções mais fortes contra a Rússia, em resposta à crise em curso na Ucrânia. Durante meses, a União Europeia, em particular, tinha sido relutante em aprovar sanções eficazes contra Moscou. Quarta-feira passada, porém, os 28 chefes de Estado e de Governo da UE superaram um obstáculo psicológico: Pela primeira vez, optaram ir além das sanções dirigidas a líderes políticos individuais em Moscou, acrescentando proibições contra fazer negócios com empresas russas específicas que contribuem para a desestabilização da situação na Ucrânia. Uma lista deve ser apresentada até o final do mês. Bancos de desenvolvimento europeus também foram proibidos fornecer empréstimos para empresas russas.

Os EUA, por sua vez, penalizou uma dúzia de importantes conglomerados russos, incluindo o gigante do petróleo Rosneft, o produtor de gás natural Novatek, Gazprombank e o fabricante de armas Kalashnikov. A partir de agora, eles estão proibidos de pedir o dinheiro de instituições monetárias americanas e de ter criar dívidas de médio e longo prazo para os investidores com os EUA.  

Para as empresas envolvidas, as sanções são um golpe significativo. Tornou-se difícil adquirir equidade na própria Rússia, com os investidores nacionais e estrangeiros tirando dinheiro do país nos últimos meses. Não é de surpreender, então, que, Dmitry Medvedev, primeiro-ministro russo falou de um retorno à Guerra Fria e do presidente Vladimir Putin advertiu que "sanções costumam ter um efeito bumerangue”.

Mesmo antes das sanções, a economia russa estava lutando. Agora, porém, a crise na Ucrânia, está a começando a afetar também a Alemanha. O Comitê da Indústria Alemã na Europa Oriental acredita que a crise que poderia pôr em risco até 25.000 postos de trabalho na Alemanha.

 As mais recentes sanções dos EUA adverte Eckhard Cordes, presidente da Comissão de Relações Econômicas do Leste da Europa, “têm colocado uma pressão adicional sobre o clima de investimento global”. Ou seja, as empresas europeias tem que estar de acordo com o posicionamento americano. Segundo o jornal,  “aqueles que violam as sanções americanas, de forma consciente ou não, podem correr riscos”. Neste caso, muitas empresas alemães.

 A inclusão na lista de Rosneft, petroleira russa, afetaria mais de uma dezena de empresas alemãs: a empresa de construção Bilfinger mantém instalações para Rosneft, por exemplo, enquanto a Siemens recebeu um contrato de 90 milhões de euros para fornecer turbinas e geradores.