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Papa Bento XVI afasta subsecretário do Vaticano

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O papa Bento XVI transferiu  nesta sexta-feira o monsenhor Ettore Balestrero, então subsecretário da seção de relações com os Estados da Secretaria de Estado do Vaticano. Balestrero vai ocupar o cargo de núncio apostólico na Colômbia.

A nomeação foi divulgada pela sala e imprensa da Santa Sé, a qual informou que antigo cargo de Balestrero será ocupado a partir de agora por Antonio Camilleri.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que a transferência era estudada havia meses e tratava-se de uma "promoção" e não tem nenhuma relação com um suposto relatório  confidencial sobre "corrupção e sexo" na Santa Sé.

Balestreto havia sido nomeado subsecretário do Ministério de Relações Exteriores do Vaticano em 2009 e, entre outras tarefas, participava dos esforços para manter o país na lista dos países financeiramente transparentes.

A imprensa tratou a promoção como uma "queda para o alto", destinada a afastar Balestrero do centro do poder vaticano.

Santa Sé nega que escândalo do Vatileaks seja motivo da renúncia do papa 

Em matéria assinada por Giacomo Galeazzi, o jornal italiano La Stampa indaga se o informe sobre o chamado escândalo 'Vatileaks' será levado a público pela comissão encarregada de analisar as denúncias sobre uma suposta trama de corrupção, sexo e tráfico de influências no Vaticano. Segundo o jornal, sabe-se apenas que o papa agradecerá aos cardeais Julián Herranz, Jozef Tomko e Salvatore De Giorgi pelo seu trabalho. Por outro lado, a Santa Sé nega que o escândalo seja o motivo da renúncia de Bento XVI.

O La Stampa diz que o papa deve se reunir no início da próxima semana com os três cardeais da comissão de investigação sobre o caso 'Vatileaks' e pode suspender o decreto pontifício que pesa sobre o informe dos cardeais para que seja examinado na reunião do conclave que escolherá o sucessor de Bento XVI.

O documento elaborado pelos três cardeais que investigaram o caso confirma o que Bento XVI denunciou na famosa meditação de Sexta-feira Santa de 2005.

Sobre a denúncia feita pelo papa na quarta-feira de cinzas sobre a desfiguração da Igreja, o cardeal Herranz disse: "Claro, as divisões existem e sempre existirão, assim como as violentas contraposições de linhas ideológicas". Segundo Herranz, o novo pontífice terá que seguir a linha traçada por seus antecessores: dar a conhecer o Cristo, ensinar a amar a Cristo e evangelizar.

Nesta quinta-feira, o jornal La Repubblica afirmou que o papa Bento XVI decidiu renunciar após ter recebido um "informe ultrassecreto", elaborado pelos três cardeais, em que é denunciada uma suposta trama de corrupção, sexo e tráfico de influências no Vaticano.

De acordo com o jornal, em uma reportagem assinada pela jornalista Concita di Gregorio, o relatório que foi encomendado por Bento XVI a três cardeais no ano passado - o espanhol Julián Herranz, o eslovaco Jozef Tomko e o italiano Salvatore De Giorgi -, após vazamentos de documentos confidenciais em um escândalo que ficou conhecido como VatiLeaks, revela um sistema de "chantagens" internas baseado em fraquezas sexuais e ambições pessoais no clero.

O texto de 300 páginas, que se refere a um suposto "lobby gay" dentro do Vaticano, foi entregue em dezembro ao pontífice, segundo a jornalista, que não esclarece como teve acesso ao documento.

"Fantasias, invenções, opiniões", retrucou o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, após advertir que não comentaria a reportagem e dizer que os cardeais citados não aceitarão conceder entrevistas.

Com o título "Não fornicarás, nem roubarás, os mandamentos violados no informe que sacudiram o papa", o jornal sustenta que o ancião cardeal espanhol Herranz, da ordem Opus Dei, ilustrou ao papa no dia 9 de outubro do ano passado, os "assuntos mais escabrosos" do relatório, em particular a existência de uma "rede transversal unida pela orientação sexual".

"Pela primeira vez a palavra homossexualidade foi pronunciada no gabinete papal", relata a jornalista.

O "La Repubblica" sustenta que, durante oito meses, os cardeais interrogaram muitos prelados e laicos, dividindo-os por congregação e nacionalidade, e estabeleceram que existem vários grupos de pressão dentro do Vaticano, entre eles um sujeito a chantagem, a "impropriam influentiam", por sua homossexualidade.

Outro grupo é especializado em montar e desmontar carreiras dentro da hierarquia vaticana e outro ainda aproveita para usar recursos multimilionários para seus próprios interesses à sombra da cúpula de São Pedro através do Banco do Vaticano, segundo a publicação.