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Moçambicanos bloqueiam ferrovia para protestar contra a Vale

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Cerca de 500 manifestantes moçambicanos bloquearam nesta semana uma linha férrea usada para transportar carvão em um protesto contra a empresa de mineração brasileira Vale, de acordo com a polícia local nesta quinta-feira (12).

Em um incidente na terça-feira (10), a polícia prendeu 14 manifestantes que estavam furiosos com o que, segundo eles, é um alojamento de baixa qualidade que a Vale construiu para os trabalhadores depois que tiveram de abrir espaço para a mina de carvão no noroeste do país.

A multidão bloqueou a linha férrea e o acesso à estrada para a área de reassentamento, Cateme, segundo o comandante da polícia Jaime Mapume. "Eles fizeram barricadas na linha férrea com pedras e outras coisas", disse Mapume à AFP. Segundo ele, a polícia libertou os detidos posteriormente. 

A Vale abriu a mina em maio, no distrito de Moatize, planejando exportar pelo menos 11 milhões de toneladas de carvão por ano. A empresa removeu 980 famílias para abrir espaço para a mina de US$ 1,7 bilhão. A maioria foi levada para Cateme, onde a companhia construiu 750 casas, escolas, uma delegacia de polícia e uma clínica. "A comunidade reclamou do padrão das casas e acusou a empresa de quebrar suas promessas", disse Mapume.

Um porta-voz da Vale, Acucena Paul, disse à AFP que a responsabilidade pelo reassentamento passou para o governo local. As autoridades locais informaram que as reformas planejadas foram adiadas.

"Os beneficiários relataram deficiências de vários níveis nas casas, principalmente rachaduras", disse o administrador do distrito de Moatize em um comunicado.

O Centro para a Integridade Pública de Moçambique acusou em 2010 a Vale de construir casas abaixo do padrão nas comunidades reassentadas.