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Candidato ao Kremlin, bilionário pode ser "fantoche" de Putin 

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O empresário Mikhail Prokhorov surpreendeu a Rússia nesta semana ao anunciar sua candidatura à presidência do país nas eleições de 2012. O bilionário, que é dono do time de basquete americano New Jersey Nets, estava fora do jogo político desde setembro, quando desistiu da liderança do partido Causa Justa (CJ) após a rejeição do Kremlin. A suposta oposição que Prokhorov promete fazer ao atual primeiro-ministro, Vladimir Putin - que será o candidato do governo a presidente - é questionada. Muitos analistas apontam que o empresário pode ser um "fantoche" usado pelo Kremlin para canalizar os votos de eleitores que se opõem ao regime atual, sem ameaçá-lo de fato.

No último fim de semana, a Rússia presenciou seus maiores protestos nos últimos 20 anos. O motivo foi os resultados das eleições legislativas de 4 de dezembro, apontados pela oposição como fraudulentos. Manifestantes foram às ruas para pedir a realização de novas eleições, mas o protesto foi reprimido pela polícia, que prendeu mais de 100 pessoas. Dois dias depois, o empresário Mikhail Prokhorov anunciou: "Esta é, provavelmente, a decisão mais importante da minha vida. Eu vou concorrer nas eleições presidenciais".

A candidatura de Prokhorov, o terceiro homem mais rico da Rússia e 32º do mundo, foi surpreendente principalmente porque o último oligarca que tentou se candidatar à presidência da Rússia acabou preso por "desafiar" Putin, segundo o jornal The New York Times. O empresário Mikhail B. Khodorkovsky continua preso, e suas ações em uma empresa de petróleo foram tomadas pelo Estado. O Kremlin costuma controlar de perto as operações de homens como Khodorkovsky e Prokhorov, que muitos russos consideram corruptos por terem recebido o controle de empresas após o fim da União Soviética.

Entretanto, Mikhail Prokhorov pode ser justamente o nome que o governo russo precisa usar para eleger Vladimir Putin. "Após o protesto na praça Bolotnaya, quando ficou claro que a classe urbana educada havia se virado contra as autoridades e não escondia sua posição, o Kremlin decidiu pôr Prokhorov à frente para neutralizar essa energia dos protestos", afirmou Stanislav Belkovsky , um ex-conselheiro do Kremlin que dirige o Instituto de Estratégia Nacional, em Moscou, em entrevista ao site russo Gazeta.ru.

De acordo com o The New York Times, a criação de "minipartidos de oposição" - projetados para atrair eleitores dissidentes sem representar qualquer ameaça às autoridades centrais - tem sido uma prática constante nos últimos ciclos eleitorais na Rússia. Mikhail Prokhorov negou que seu partido esteja operando dessa forma - mas quando o empresário deixou a liderança do Causa Justa (CJ), em setembro, ele afirmou que a administração presidencial exercia uma influência considerável sobre o grupo.

Solteirão, festeiro e rico

O empresário Mikhail Prokhorov, 46 anos, graduou-se no Instituto Financeiro de Moscou e começou sua carreira vendendo jeans. O oligarca russo foi descrito pelo The New York Times como um bilionário solteirão que tem uma queda por festas suntuosas.

No entanto, o bilionário afirmou na última quinta-feira que está disposto a se casar se isso for importante para a sua vitória nas eleições. "Se isso for necessário para o país e para a vitória nas presidenciais, estou pronto até a fazer isso", disse Prokhorov. Segundo o jornal online português Diário de Notícias, aos 17 anos, o empresário russo fez uma aposta com um amigo: ele não se casaria até os 42 anos.

Amante de esportes como esqui, boxe e basquete, Prokhorov comprou o time americano New Jersey Nets em maio de 2010. O empresário pagou US$ 200 milhões por 80% da equipe e 45% da Barclays Center, a arena esportiva do time que está sendo construída na região do Brooklyn, em Nova York.