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Multidão se prepara para a maior manifestação contra presidente egípcio

Segundo a ONU, número de mortos chega a 300

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CAIRO - Trezentas pessoas já morreram nos protestos contra o presidente do Egito, Hosni Mubarak, segundo a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay. Enquanto isso, milhares de pessoas já estão concentradas na Praça Tahrir, no centro do Cairo, para mais uma passeata em favor da saída de Mubarak. A ideia é também começar uma greve geral. Soldados cercam a praça, mas não impedem a entrada de pessoas. Tanques também estão parados nas proximidades.

Apesar das interrupções no serviço de internet, os organizadores esperam reunir um milhão de pessoas, na que seria a maior das manifestações até agora. Há uma semana, os egípcios fazem protestos contra a situação política e econômica do país.

Outra marcha está marcada para a cidade mediterrânea de Alexandria. Serviços de trens para o local foram suspensos hoje.

Ontem, o presidente Mubarak trocou todo o primeiro escalão do governo na tentativa de acalmar os ânimos. O vice-presidente Omar Suleiman anunciou que vai iniciar conversações com a oposição para fazer uma reforma constitucional. Nos 30 anos de Mubarak no poder, o cargo nunca havia sido ocupado.

Segundo o vice-presidente, novas medidas serão anunciadas para atacar o “desemprego, pobreza, corrupção e o alto custo de vida”. Também anunciou novas eleições locais para onde houve evidência de irregularidades no pleito parlamentar de novembro passado.

Mesmo assim, foi mais uma noite em que o toque de recolher foi desafiado pelos manifestantes. Alguns estão acampados na Praça Tahrir e dizem que só vão sair depois da queda de Mubarak. O exército divulgou comunicado em que informa que não irá usar a força contra a população.

A TV estatal egípcia registrou ontem uma manifestação pró-governo. Há a expectativa de que outras possam surgir hoje. A recomendação passada pela emissora foi para que os egípcios ficassem em casa.

O Exército egípcio fechou nesta terça-feira os acessos ao Cairo e outras cidades onde foram convocadas passeatas para exigir a renúncia do presidente Hosni Mubarak. A autoestrada que liga Alexandria ao Cairo estava bloqueada a um quilômetro da capital por um posto de controle militar.

Uma longa fila de caminhões de mercadorias e automóveis aguardava autorização para passar, mas os soldados impediam o avanço de veículos para a capital. A AFP constatou ainda que as saídas das cidades de Mansura (delta do Nilo), Suez (leste) e El Fayyum (ao sul do Cairo) também foram bloqueadas pelo Exército.

O tráfego ferroviário está suspenso desde segunda-feira e a linha de metrô que liga o Cairo a Shubra el-Kheima (20 km ao norte) foi fechada. Muitos moradores da capital que tentavam chegar ao trabalho nos arredores da cidade foram impedidos pelos bloqueios.

O movimento de protesto, sem precedentes desde a chegada ao poder de Mubarak em 1981, começou em 25 de janeiro.

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