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OEA inicia Assembléia Geral para debater energia e Venezuela

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REUTERS

CIDADE DO PANAMÁ - A Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) deu início a seus trabalhos no domingo, no Panamá, com o objetivo de discutir as estratégias energéticas da região e com esperanças de realizar um debate sobre a liberdade de expressão pouco depois de a Venezuela ter tirado do ar um canal de TV oposicionista.

O secretário-geral da organização, José Miguel Insulza, afirmou em seu discurso de abertura da 37ª Assembléia Geral da entidade que a região deve integrar-se na luta para evitar uma crise energética, a insegurança e a instabilidade econômica em alguns países.

Durante seu pronunciamento, Insulza disse que apenas com integração será possível enfrentar os desafios da região, que registrou um crescimento econômico de 5,3 por cento em 2006, mas que ainda possui 205 milhões de pobres, 50 milhões dos quais não contam com acesso à energia elétrica.

O secretário-geral elogiou a decisão adotada por países como o Brasil e os EUA de ampliar a produção de etanol assim como a iniciativa internacional Petrocaribe, comandada pela Venezuela.

O encontro reúne 28 chanceleres que devem elaborar uma resolução de 26 pontos com temas que vão da produção de energia renovável ao fortalecimento da democracia na região.

Também participa do encontro Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo o qual a OEA é aliada da ONU. Ban insistiu sobre a necessidade de as duas entidades colaborarem de forma eficiente.

O encontro, no entanto, pode se transformar em um cenário de embate entre o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, e a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice (que participa das reuniões a partir de segunda-feira), sobre o fim do canal RCTV.

Os dois países, que mantêm uma relação complicada desde que Hugo Chávez assumiu a Presidência venezuelana, em 1999, divergem sobre o cancelamento da concessão do sinal para a RCTV, um canal opositor do governo esquerdista do mandatário da Venezuela. Chávez criou no lugar da RCTV um canal público.

Durante seu discurso, Insulza fez um apelo por tolerância e disse:

- Devemos ser capazes de respeitar as decisões de cada país e não podemos tentar impor os esquemas econômicos, sociais ou políticos de cada um com se fossem a única verdade.

Em comunicado constante da página da OEA na internet (www.oea.org), Insulza acrescentou que 'tornar a democracia governável é outro desafio com que devem se deparar os países do continente.'

- A ampliação da democracia e de suas instituições são as primeiras obrigações de um governo democrático e, de outro lado, a exclusão, o silenciamento ou a repressão do adversário são um caminho seguro para a debilitação da democracia, disse.

Há outros temas que podem provocar polêmica durante a assembléia, entre os quais o caso de pedido de extradição, pela Venezuela, do militante anticastrista Luis Posada Carriles, que mora nos EUA.

O governo panamenho colocou centenas de policiais na capital do país e nos arredores da área onde se reúnem os chanceleres. Prevê-se a realização de manifestações por parte de movimentos populares contrários aos EUA e favoráveis a Chávez.

A reunião ocorre na mesma época em que se completam 30 anos de assinatura dos tratados Torrijos-Carter, responsáveis por devolver o Canal do Panamá aos panamenhos em 1999.