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ONGs acusam países da UE de 'inflar' ajudas ao desenvolvimento

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Agência EFE

BRUXELAS - A Concord, uma confederação que reúne Organizações Não-Governamentais (ONGs) européias, acusou nesta sexta-feira os países-membros da União Européia (UE) de 'inflar' suas ajudas ao desenvolvimento ao incluir nas mesmas cancelamentos de dívida, ajudas a refugiados e bolsas de estudos.

A poucos dias do Conselho de Ministros de Assuntos Exteriores da UE, que acontecerá em Bruxelas, a Concord apresentou em entrevista coletiva o relatório 'Hold the Applause! EU Governments risk breaking aid promises' ("Parem os aplausos! Governos da UE correm o risco de não cumprir seus compromissos").

- A maior parte dos Governos europeus infla os valores de ajuda ao desenvolvimento, incluindo nas contribuições cancelamentos de dívidas dos países mais pobres, principalmente Iraque e Nigéria, afirmou o presidente da Concord, Justin Kilcullen.

Segundo Kilcullen, 'também são incluídas nas ajudas outras dotações que não são na verdade um impulso para o desenvolvimento dos países mais pobres, como as contribuições de ajuda imediata aos refugiados ou as bolsas de estudos recebidas pelos estudantes de países em desenvolvimento para estudar na Europa'.

A Comissão Européia (CE) justificou a inclusão do cancelamento da dívida ao argumentar que 'é um critério reconhecido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)', disse um porta-voz do Executivo europeu.

Além disso, a CE sustenta que 'a anulação da dívida é uma ferramenta importante na ajuda ao desenvolvimento porque libera meios financeiros para os países mais pobres'.

O presidente da Concord afirmou que 'a redução da pobreza nem sempre parece ser o maior objetivo da ajuda européia. A segurança, as alianças geopolíticas e os interesses nacionais freqüentemente têm preferência'.

Lucy Hayes, autora do estudo, destacou que 60% das ajudas ao desenvolvimento concedidas pelos Governos europeus entre 2001 e 2004 foram destinadas a Afeganistão, Congo e Iraque, países que não representam nem 3% da população que vive na pobreza'.

Por outro lado, a confederação alerta no texto que a UE deve aumentar radicalmente suas ajudas se quiser cumprir a meta imposta por Bruxelas de chegar a ¬ 66,785 bilhões até 2010.

Apesar disso, o relatório da Concord calcula que, se os 15 países que integravam a UE até 2004 não começarem a aumentar suas ajudas, o montante provavelmente não chegará a ¬ 40 bilhões em 2010.

Para os autores do estudo, a África foi a mais prejudicada nos últimos anos pela política da UE de ajuda ao desenvolvimento, ao receber 3% a menos em 2005 em relação ao ano anterior.