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Missão da UE elogia transparência das eleições no Timor-Leste

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Agência EFE

DÍLI - A missão de observadores da União Européia (UE) para as eleições presidenciais no Timor-Leste elogiou nesta sexta-feira a transparência do processo, enquanto Francisco Guterres se mostrava disposto a admitir sua derrota para José Ramos Horta, apesar da ausência de resultados oficiais.

O eurodeputado espanhol Javier Pomes Ruiz, chefe da equipe de observadores da UE, afirmou em entrevista coletiva em Díli que o primeiro turno, em 9 de abril, e o segundo, em 9 de maio, demonstraram a determinação do povo timorense na consolidação da democracia.

- Do ponto de vista técnico, estamos muito contentes com as consideráveis melhoras obtidas no processo eleitoral, disse Pomes.

No entanto, criticou as táticas intimidadoras e as desqualificações às quais recorreram os candidatos às eleições presidenciais - oito no primeiro turno e os dois mais votados no segundo.

- As acusações constantes de intimidações não são o que esperamos dos candidatos presidenciais nem dos parlamentares, afirmou o eurodeputado.

O Timor-Leste terá eleições legislativas em 30 de junho.

- O povo timorense quer paz, e os políticos devem comemorar a reconciliação. O país precisa disso. As eleições são o meio para solucionar a crise, o que significa que os candidatos devem apresentar propostas, e não insultos, disse Pomes.

Como tinha prometido, para não aumentar a divisão nacional, Guterres, de 51 anos, do partido Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), disse nesta sexta-feira à Efe que está disposto a aceitar a derrota indicada nos dados preliminares.

- Estou preparado para aceitar os resultados e, se perder, aceitarei de coração e felicitarei meu camarada José Ramos Horta, disse Guterres.

O virtual ganhador, o independente Ramos Horta, de 57 anos, primeiro-ministro interino desde julho do ano passado e prêmio Nobel da Paz, disse que sua vitória era também a da Fretilin.

- Minha vitória é da Fretilin porque fui um dos fundadores do partido, em 1974. Peço aos militantes radicais e seguidores da Fretilin que não façam nada contra a lei e a ordem, nem perseguições nem represálias, acrescentou Ramos Horta, que saiu da legenda em 1988.

Pouco depois, Ramos Horta já antecipava que, caso sua vitória seja confirmada, o que deve acontecer neste fim de semana, sua primeira viagem ao exterior como presidente da República do Timor-Leste será a Indonésia e Austrália.

- O primeiro país da minha agenda de visitas oficiais é a Indonésia, e depois a Austrália, no fim do mês. As duas nações são muito importantes para nós como vizinhos, disse o dirigente, cuja posse poderá acontecer no dia 20.

Com o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, Ramos Horta cogita falar sobre fronteiras, comércio e educação. Já com o primeiro-ministro australiano, John Howard, tratará de economia e educação.

Ramos Horta afirmou que o resultado das urnas 'é a vitória da democracia' e agradeceu a ajuda prestada a seu país pelos 'amigos da comunidade internacional, especialmente do enviado especial do secretário-geral da ONU para o Timor-Leste, Atul Khaer, e seus assessores'.

- Farei o possível nos próximos cinco anos para mudar a vida dos pobres, mas não posso fazê-lo sozinho. Preciso do Parlamento, do Governo, prometeu o Nobel da Paz de 1996, dividido com o então bispo de Díli, Carlos Felipe Ximenes Belo, devido a seu longo trabalho por uma solução pacífica para a ocupação indonésia.

Ramos Horta substituirá seu grande amigo Xanana Gusmão, herói timorense da resistência, que no mês passado fundou um partido para concorrer às eleições parlamentares e tomar a maioria legislativa da Fretilin.