Agência EFE
PEQUIM - Um tribunal chinês condenou hoje um canadense de origem uigur (etnia muçulmana que habita o noroeste da China) à prisão perpétua por separatismo, uma decisão que o Governo chinês espera que 'não prejudique os laços com o Canadá', segundo informou horas mais tarde o Ministério de Relações Exteriores.
Hussein Celil, de 37 anos, fugiu da China em 1990 e recebeu em 2001 o status de refugiado político por parte das autoridades do Canadá. No ano passado, foi extraditado pelo Uzbequistão.
O réu foi condenado também a 10 anos de prisão por atividades terroristas, informou a agência estatal 'Xinhua', e perdeu seus direitos civis para o resto da vida.
De acordo com a sentença, Celil recrutou membros para a Organização de Libertação do Turquestão Oriental (Etlo), considerada terrorista pela China, e enviou os voluntários para campos de treinamento no planalto do Pamir.
Além disso, ainda segundo a sentença, colaborou com o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (Etim), ajudando a arrecadar fundos, recrutar membros e organizar treinamentos.
Celil trabalhou sob o comando de Hassan Mahsum, líder do Etim, que foi morto pelo Exército paquistanês em 2003, acrescentou a sentença.
O porta-voz da Chancelaria Liu Jianchao disse hoje que Pequim espera que Ottawa 'não interfira nos assuntos internos chineses'.
- Esperamos que o caso não prejudique as relações bilaterais, acrescentou o porta-voz, destacando que o Canadá 'foi informado com clareza da posição do Governo chinês'.
A Anistia Internacional (AI) temia que Celil fosse condenado à morte. Segundo a entidade, o réu ficou incomunicado durante os meses em que esteve detido, não pôde falar com seus parentes e provavelmente 'sofreu torturas e maus-tratos'.