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Governo do Equador prepara estratégia para Constituinte

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Agência EFE

QUITO - O Governo do presidente esquerdista Rafael Correa conseguiu uma nova vitória no Equador ao obter a maioria no plebiscito de domingo e já começa a preparar a estratégia para a Assembléia Constituinte.

O 'sim' à Constituinte, apoiado por Correa na campanha da consulta, obteve 78,1% dos votos, segundo uma pesquisa de boca-de-urna, enquanto o 'não', defendido por grupos da oposição, alcançou apenas 11,5%, ou seja, com mais de 60 pontos de distância entre os dois.

O arrasador resultado, ainda extra-oficial, revela que a oposição ficará 'praticamente sem capacidade de resposta', segundo o analista político Hugo Barber.

A oposição 'continua encurralada e está ainda mais encurralada que antes do plebiscito' de domingo, disse Barber à agência Efe, após afirmar que a derrota na consulta popular é a terceira grande batalha perdida pelos grupos opositores de direita.

A primeira foi nas eleições presidenciais de novembro do ano passado, quando Correa venceu, no segundo turno, o magnata Álvaro Noboa, do Partido Renovador Institucional de Ação Nacional (Prian).

Nas presidenciais, Correa venceu com 56,8%, enquanto Noboa obteve 43,2%. Mesmo assim, o Prian se tornou a primeira força do Parlamento, ultrapassando outros partidos opositores como o Social Cristão (PSC), Sociedade Patriótica (PSP) e a União Democrata-Cristã (UDC).

A segunda derrota da oposição foi no Congresso, quando a maioria decidiu enfrentar a consulta popular e a Constituinte promovida por Correa.

A maioria opositora decidiu 'substituir' o presidente do Tribunal Supremo (TSE), Jorge Acosta, por ter permitido a consulta do Executivo sem o aval da Câmara, o que alguns de seus integrantes qualificaram como 'grande erro'.

Em resposta, Acosta decidiu destituir os 57 legisladores que o haviam sancionado por 'interferir' no processo da consulta popular.

O chefe do TSE, a máxima autoridade do país em questões eleitorais, não voltou atrás em sua posição, apesar dos recursos dos sancionados para recuperar as cadeiras.

- As consecutivas derrotas da oposição a prejudicou muito - disse Barber, após considerar que a vitória do 'sim' na consulta do domingo 'é o fim dos 57 congressistas' cassados.

De agora em diante, segundo o analista, o Congresso não deixará de ser controlado pela oposição, mas esta não manterá a força de antes, pois contará com deputados suplentes, rebelados contra os cassados.

Barber, que dirige o Centro de Estudos e Análise, sustenta que o Governo de Correa, revestido com a vitória arrasadora de domingo, possivelmente diminuirá o tom de confronto com a oposição.

Para Barber, a estratégia servirá para Correa levar adiante 'uma colocação mais programática', de conteúdo, 'para conseguir mais membros da Assembléia' e começar a definir os temas que serão discutidos na Constituinte.

A oposição respondeu ao resultado com ameaças e alegações de supostas irregularidades cometidas no processo para a consulta popular.

Neste sentido, Álvaro Noboa assegurou que na história houve personagens que, aparentemente, foram derrotados e depois surgiram como grandes vencedores, e usou Jesus Cristo como exemplo.

O líder populista espera que a sorte de Correa possa se reverter na Constituinte, e por isso afirmou que o Prian apresentará candidatos à Assembléia.

Outro opositor que apoiou o 'não' na consulta, o ex-presidente Osvaldo Hurtado, que dirige a UDC, expressou confiança de que o povo saia, em breve, do sonho que tem com Correa.

Hurtado anunciou que, apesar da derrota arrasadora, a UDC apresentará candidatos à Constituinte 'para defender a democracia' e porque teme que o esquerdista Correa consiga impor no país o "socialismo do século XXI', um pesadelo para a oposição.