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Shinzo Abe completa seis meses no Governo japonês, em baixa

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Agência EFE

TÓQUIO - Shinzo Abe completa hoje seis meses à frente do Governo japonês, com baixa popularidade em seu curto mandato, caracterizado por uma agenda nacionalista no âmbito da política externa que inquieta os países vizinhos.

Em 26 de setembro, quando o Parlamento o escolheu como primeiro-ministro dias após ser designado líder do governamental Partido Liberal-Democrata (PLD), Abe tinha apoio popular de 67%. Atualmente, esse número é de 35%, segundo pesquisa do jornal "Mainichi Shimbun'.

Cresceu de 16% para 42% a porcentagem dos japoneses que desaprovam o atual Gabinete japonês, prejudicado pelo maior carisma do primeiro-ministro anterior, Junichiro Koizumi, cujos níveis de popularidade variavam em torno de 60%.

O 'Mainichi Shimbun', de tendência conservadora, afirma hoje que, nestes seis meses, não houve nenhum fator que fizesse aumentar a popularidade de Abe, pertencente a uma conhecida dinastia política e que chegou ao poder precedido por sua fama de 'falcão'.

No primeiro semestre à frente do Executivo, Abe defendeu linha dura na negociação com a Coréia do Norte, maior papel para o Japão no contexto internacional e a revisão do regime imposto ao país após a Segunda Guerra Mundial, que inclui reformar a Constituição pacifista que limita o uso da força militar.

Abe deu mostras de querer mudar a forma como o Japão é percebido no mundo, apesar de algumas de suas posições e comentários sobre a história recente tenham gerado alarme.

O político, neto de primeiro-ministro e filho de ministro, começou o mandato com uma simbólica viagem à China para acabar com antigas rivalidades, e seguiu com uma viagem pela Europa, deixando de lado seu principal aliado, os Estados Unidos, que não deve visitar até abril.

Shinzo Abe disse querer uma nova relação com o poderoso vizinho asiático China, além de destacar a importância do vínculo do Japão com a União Européia (UE), ao mesmo tempo em que mantém a aliança preferencial com os Estados Unidos.

No entanto, o primeiro-ministro japonês trouxe à tona velhos fantasmas quando, há algumas semanas, disse que não há provas de que o Exército Imperial japonês tenha 'forçado' escravas sexuais coreanas e chinesas na época da Segunda Guerra Mundial, posição que manteve apesar das críticas recebidas também de vários setores nos Estados Unidos.

Abe negou os vínculos entre as autoridades japonesas e as "mulheres de conforto', eufemismo para definir as prostitutas forçadas asiáticas antes e durante a Segunda Guerra Mundial, mas disse que manteria a declaração de 1993 pela qual o Governo japonês pediu desculpas pelo ocorrido.

As declarações criaram polêmica internacional e, como conseqüência, os Governos chinês e sul-coreano - os mais diretamente afetados - pediram que o Japão assumisse a responsabilidade e deixasse de negar a história.

Na política externa, as atuações do Japão foram marcadas pela ameaça representada pela Coréia do Norte e pela adoção de uma postura rígida nas negociações para colocar fim ao programa nuclear do país comunista, na qual Abe só aceita dar concessões quando for resolvida a questão dos seqüestrados nos anos 70 e 80.

O Parlamento aprovou hoje o primeiro Orçamento, que, apesar de ser expansivo em relação ao de 2006, contém uma forte redução do déficit.

O Governo japonês quer reduzir o déficit fiscal de US$ 93 bilhões em 2006 para US$ 36 bilhões em 2007, 60% a menos, com o horizonte de que o país consiga superávit fiscal em 2011.