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Juiz Garzón diz que é hora de julgar líderes de guerra no Iraque

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REUTERS

MADRI - O juiz que tentou prender o ex-ditador chileno Augusto Pinochet disse, nesta terça-feira, que chegou a hora de exigir que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e seus aliados prestem contas pela guerra no Iraque.

Em artigo de opinião publicado no jornal El País, no quarto aniversário da invasão liderada pelos EUA, o juiz Baltasar Garzón disse que a guerra é 'um dos episódios mais sórdidos e injustificáveis na história humana recente'.

'Deveríamos olhar mais profundamente na possível responsabilidade criminal de pessoas que são, ou foram, responsáveis por esta guerra e ver se há evidência suficiente para fazê-las responder por isso', escreveu Garzón.

'Há argumentos suficientes em 650.000 mortes para esta investigação começar, sem mais demora', disse.

Garzón, que ficou famoso em 1999, quando tentou extraditar Pinochet da Grã-Bretanha e julgá-lo por crimes contra a humanidade, criticou especialmente o governo espanhol, que apoiou a invasão do Iraque.

'Aqueles que aderiram ao presidente dos EUA na guerra contra o Iraque têm tanta ou mais responsabilidade do que ele, porque apesar de ter dúvidas e informação tendenciosa, eles se colocam nas mãos do agressor para realizar um ato ignóbil de morte e destruição até hoje', disse.

Em fevereiro, o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar afirmou saber agora que Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa, mas que 'o problema foi não ter sido inteligente o suficiente para saber antes'.

Garzón escreveu: 'Se ele não sabia o suficiente, deveria ter sido perguntado por que não agiu com prudência, dando aos inspetores da ONU mais tempo, em vez de fazer o oposto, em total submissão e fidelidade ao presidente Bush', disse.

'Descumprir todas as leis internacionais sob o pretexto de combater o terrorismo foi um ataque demolidor ao estado da lei e à própria essência da comunidade internacional desde 2003', escreveu.

Garzón, que adotou um ano sabático em 2006 para estudar terrorismo internacional, disse que a guerra no Iraque ajudou a incentivar o ódio e dar mais apoio a campos de treinamento terrorista.

'De certa maneira, com uma terrível falta de consciência, ajudamos este monstro a crescer mais e mais e fortalecer ao ponto de ser provavelmente invencível.'