Agência EFE
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, destacou hoje as virtudes do livre-comércio em seu relatório econômico anual para um Congresso dominado pelos democratas, que olha com desconfiança as negociações comerciais.
Na introdução, Bush destacou que a redução das barreiras alfandegárias no exterior tornará mais flexível a economia americana ao abrir novas oportunidades de negócio.
Neste sentido, destacou as negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas disse que a única forma de os EUA conseguirem chegar a um acordo nesse fórum é com a renovação da Autoridade para a Promoção Comercial (TPA, na sigla em inglês).
A TPA obriga o Congresso a aprovar ou rejeitar os acordos comerciais, sem poder introduzir emendas.
- Esta autoridade é essencial para completar bons acordos comerciais. O Congresso deve renová-la para que possamos melhorar nossa competitividade na economia global - disse Bush.
No mesmo sentido se manifestou a representante de Comércio Exterior, Susan Schwab, que participou hoje do lançamento de uma coalizão empresarial a favor da renovação da TPA.
"A não extensão da Autoridade para a Promoção Comercial enviaria o sinal ao mundo de que os Estados Unidos perderam a fé em Doha. Não podemos deixar que isso aconteça', disse Schwab no Clube Nacional da Imprensa.
Schwab reconheceu que o protecionismo está em alta no mundo todo e afirmou: 'Os Estados Unidos não podem fazer parte dessa tendência. Ao contrário, temos que ser uma força que a inverta de sentido'.
A renovação da TPA enfrenta um destino incerto no Congresso. O congressista democrata Sander Levin, presidente da subcomissão de Comércio na Câmara dos Representantes, destacou em um comunicado que a Administração de Bush deve fazer mudanças em sua política antes de um debate sobre a prorrogação da TPA.
Levin pediu especificamente que os tratados de livre-comércio com Peru, Colômbia e Panamá, que ainda precisam ser ratificados, incluam uma cláusula que obrigue seus signatários a respeitar os direitos fundamentais dos trabalhadores.
O relatório do presidente para o Congresso também apresenta suas previsões para a economia americana.
A Casa Branca prevê que o crescimento este ano vai cair de 3,4% em 2006 para 2,9% este ano, em conseqüência da fraqueza do setor imobiliário. Já para 2008, a expansão da economia deverá ser de 3,1%.
Neste e no próximo ano, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subirá 0,1 ponto em relação à taxa de 2,5% alcançada em 2006, segundo o relatório.
Por sua vez, o desemprego se manterá em 4,6% em 2007 e subirá para 4,8% em 2008.
O relatório dedica seu último capítulo à imigração, um tema tão polêmico como o comércio nos Estados Unidos.
O presidente acha que a melhor forma de regular a política migratória é adotando um programa integral que combine mais segurança na fronteira, obrigue os empresários a verificar se seus empregados têm visto de trabalho e abra vias legais para permitir a entrada de trabalhadores estrangeiros, segundo o documento.
'A reforma integral pode melhorar a segurança fronteiriça, reduzir de forma significativa o número de trabalhadores ilegais e gerar ganhos econômicos para as empresas, os trabalhadores e os consumidores dos Estados Unidos', diz o relatório.