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Paris sedia conferência de ajuda econômica para o Líbano

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Agência EFE

PARIS - A conferência Paris III reunirá nesta quinta-feira, na capital francesa, quase 40 países e grandes instituições internacionais, para apoiar economicamente o programa de reformas do Governo do Líbano, que passa por uma grave crise financeira e política.

O primeiro-ministro libanês, o pró-ocidental Fouad Siniora, disse hoje que espera um 'forte apoio' dos países árabes e da comunidade internacional, e afirmou que a reunião não busca ajudar seu Governo, mas sim todos os libaneses.

Siniora não quis prever a soma de fundos que espera receber amanhã - em forma de ajuda direta, de empréstimos em condições vantajosas ou créditos para projetos concretos -, mas apostou em "resultados muito bons'.

O presidente francês e anfitrião da conferência, Jacques Chirac, anunciou que a França concederá um empréstimo de ¬ 500 milhões em condições 'muito vantajosas', informou o Palácio do Eliseu, após o encontro entre os dois dirigentes.

A Comissão Européia - cujo presidente, José Manuel Durão Barroso, irá participar da conferência - anunciou uma ajuda de ¬ 400 milhões até 2010, que se somará aos ¬ 105 milhões liberados após o último conflito entre Israel e o grupo xiita Hisbolá.

Os Estados Unidos, representados em Paris pela secretária de Estado Condoleezza Rice, prometeram uma 'enorme manifestação de apoio' ao Governo de Siniora.

Já o ministro de Exteriores da Arábia Saudita, Saud al-Faisal, anunciará uma 'nova ajuda', além dos US$ 3 bilhões já oferecidos desde o início do último conflito.

Além destes países e de outros do Golfo Pérsico e do Oriente Médio - assim como os do G8 - muitos países europeus participarão da conferência em nível ministerial.

Siniora chegou a Paris após ter visto, no caminho para o aeroporto de Beirute, os prejuízos físicos do dia de greve geral convocada na véspera pela oposição. A greve deu origem a violentos enfrentamentos, que deixaram três mortos e mais de cem feridos.

Segundo o primeiro-ministro explicou à imprensa, os pneus queimados e as barricadas de terra vistas pelo caminho o lembraram da 'invasão israelense de 1982'.

A oposição, liderada pelo grupo xiita Hisbolá - apoiado pela Síria e pelo Irã, e aliado de partidos cristãos e pró-sírios - pede a renúncia de Siniora, e a formação de um Executivo de união nacional. Apesar de não ter prorrogado a greve geral, o grupo advertiu sobre uma 'escalada' no futuro, caso suas reivindicações não sejam atendidas.

O presidente libanês afirmou hoje que não há alternativa a não ser 'voltar à razão', e que mantém 'a mão estendida para o diálogo'. Também disse que é preciso tirar lições dos eventos da terça-feira, e 'fazer o possível para salvar o Líbano'.

Porém, excluiu a possibilidade de realizar eleições antecipadas para sair da crise, e rejeitou a pressão da rua, que 'só pode levar a algo que não interessa nem ao Governo nem à oposição'.

- No final do dia, terá que sentar para conversar, pensar e atuar com sensatez - ressaltou Siniora.

Ele indicou que muitas partes do programa de reformas, que irá ter o apoio da conferência, precisarão do consentimento do Parlamento libanês, mas lembrou que a maior parte do plano já foi apresentada em 1997, e que, desde então, nenhum projeto de orçamento foi adotado sem conter uma parte dessas reformas.

Em 1975, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Líbano era duas vezes maior que o do Chipre, montante que caiu para 25% em 2005. A dívida do país supera os US$ 40 bilhões (180% do PIB).

O programa de reformas, para cinco anos, prevê sua redução para 144% do PIB em 2011. Apoiado em quatro pilares (social, estrutural, orçamentário e de privatizações), o plano também pretende alavancar a economia e melhorar as condições de vida.

A França, historicamente ligada ao Líbano, espera que a conferência gere tantas promessas de fundos como a anterior, realizada em 2002, na qual foram anunciadas ajudas de cerca de US$ 4,4 bilhões, das quais US$ 2,6 bilhões foram desembolsados.

Fontes francesas lembraram da dimensão 'política e econômica' da reunião, que Paris espera que sirva para apaziguar as tensões políticas no Líbano.

No entanto, o presidente do Líbano, o pró-sírio Émile Lahoud, denunciou hoje a ausência da oposição na reunião, e exigiu que os países doadores não intervenham 'nos assuntos internos do Líbano'.