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Irã condena sanções nucleares da ONU

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TEERÃ - O Irã classificou a resolução de sanções da ONU como "um pedaço de papel rasgado" que não assusta Teerã e prometeu neste domingo acelerar imediatamente o trabalho de enriquecimento de urânio.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade no sábado a imposição de sanções sobre o comércio de materiais nucleares sensíveis e tecnologia ao Irã, em tentativa de cessar o trabalho de enriquecimento de urânio que poderia produzir material usado em bombas.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que quem apoiou a resolução, formulada por Grã-Bratanha, França e Alemanha, que teve apoio unânime do Conselho de Segurança, irá arrepender-se em breve de seu "ato superficial".

- É um pedaço de papel rasgado...com o qual querem amedrontar os iranianos...É do interesse dos ocidentais viver com um Irã nuclear, disse Ahmadinejad, segundo a agência de notícias semi-oficial Fars.

- Desistam deste jogo de marionetes. Vocês (que apoiaram a resolução) não podem nos mandar mensagens amistosas secretas ao mesmo tempo em que mostram seus dentes e garras. Parem com este jogo duplo, disse Ahmadinejad, segundo a agência de notícias oficial, IRNA, em discurso na antiga embaixada dos Estados Unidos em Teerã.

O Irã insiste que o objetivo do seu programa nuclear, que vem sendo realizado há muitos anos em condições de segredo total, é produzir energia elétrica e nega as acusações ocidentais de que está tentando produzir armas atômicas.

O representante iraniano para negociações nucleares, Ali Larijani, reagiu de imediato à votação.

- Vamos começar nossas atividades de instalação (de 3.000 centrífugas) em Natanz a partir deste domingo, disse ele ao jornal Kayhan. - Esta é a nossa resposta imediata à resolução e vamos seguir com velocidade total.

O embaixador interino dos EUA, Alejandro Wolff, disse ao conselho antes da votação de sábado, que teve placar de 15 a 0, após dois meses de duras negociações: - Hoje estamos colocando o Irã na pequena categoria dos países sob sanções do Conselho de Segurança.

O Irã, que neste ano recusou-se a encerrar o trabalho de enriquecimento de urânio em troca de incentivos econômicos, afirma que a resolução é uma medida ilegal, fora da jurisdição do conselho.

A China pediu a retomada imediata das negociações para tentar encerrar o confronto.

- O lado chinês pede para todos os lados continuarem com os esforços diplomáticos para tentar uma retomada rápida das negociações e procurar uma solução abrangente de longo prazo, disse um comunicado do Ministério do Exterior neste domingo, acrescentando que Pequim apoiou a resolução da ONU para punir Teerã.

A resolução exige que o Irã encerre toda a pesquisa sobre enriquecimento de urânio, que pode produzir combustível para usinas nucleares, ou para bombas. O texto pede também o fim da pesquisa e do desenvolvimento de métodos de produção de meios de disparo de armas atômicas.

O centro das sanções é a proibição de importação e exportação de materiais perigosos e tecnologia relacionada ao enriquecimento de urânio, reprocessamento e reatores de água pesada, bem como de sistemas de mísseis balísticos.

A proposta original recebeu emendas da Rússia para ficar menos restritiva. Não foi considerada uma proibição de exportação de petróleo do Irã.

- O Irã simplesmente levantou o nariz para o conselho e desafiou a lei internacional, disse o embaixador britânico Emyr Jones Parry ao conselho.

Grã-Bretanha, França e Alemanha exortaram o Irã a voltar às negociações, mas os EUA queriam medidas mais duras, como o fim do crédito ao Irã e a proibição de vendas de armas. Os EUA pediram para os europeus, a Rússia e a China fazerem o mesmo.