ASSINE
search button

Na Turquia, papa tenta aproximar cristãos e muçulmanos

Compartilhar

Reuters

ÉFESO (Turquia) - Celebrando uma missa em um santuário do sudoeste da Turquia onde a Virgem Maria teria passado seus últimos dias, o papa Bento XVI chamou atenção nesta quarta-feira para o fato de tanto os cristãos quanto os muçulmanos serem devotos da mãe de Jesus Cristo.

Enquanto o papa prosseguia com sua visita de quatro dias, a Turquia dava destaque aos eventos ocorridos na chegada dele ao país, na terça-feira: o aparente apoio de Bento 16 aos esforços turcos para entrar na União Européia e o elogio ao islã feito por ele depois de um recente pronunciamento considerado injurioso.

- Esse é um alerta para os políticos conservadores que vêem a UE como um clube cristão", escreveu o colunista Guneri Civaoglu, no jornal Milliyet.

Na cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) realizada em Riga, o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, disse que o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, havia lhe dito estar "muito satisfeito" com o começo da visita papal.

Em seu sermão de quarta-feira, Bento 16 afirmou:

- Daqui de Éfeso, uma cidade abençoada pela presença da Santíssima Maria - que, como sabemos, também é amada e venerada pelos muçulmanos -, façamos uma oração especial ao Senhor pedindo paz entre os povos.

O Alcorão descreve Maria como sendo a mãe virgem de Jesus, considerado pelos muçulmanos o maior profeta depois de Maomé. Alguns muçulmanos, especialmente as mulheres, frequentam santuários construídos para homenagear Maria.

A rústica casa de pedra na qual ela teria morrido continua de pé, entre oliveiras e pinheiros, na periferia da cidade de Éfeso, da Grécia Antiga, hoje uma série de ruínas chamada, pelos turcos, de Efes.

A viagem de Bento 16 foi pensada inicialmente para ser uma simples visita ao patriarca ecumênico Bartolomeu, em Istambul, como parte dos esforços para aproximar a Igreja Católica da Igreja Ortodoxa. Há cerca de 100 mil cristãos na Turquia.

Mas o pronunciamento feito pelo pontífice em setembro e considerado ofensivo pelos muçulmanos parece ter afastado a cristandade do islã. O pronunciamento teria ligado a religião muçulmana à violência. Depois de vários protestos realizados pelos muçulmanos, o papa negou que o teor do discurso fosse esse.

O episódio deu peso simbólico à viagem dele pelo mundo muçulmano, fazendo dessa visita um momento crucial para decidir o futuro das relações do Vaticano com o islã.