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Equatorianos votam para presidente neste domingo

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Agência Ansa

QUITO - O Equador elegerá o seu presidente no domingo, o oitavo dos últimos 10 anos, entre o multimilionário da direita Alvaro Noboa e Rafael Correa da esquerda, depois de um período de instabilidade política, crise econômica e mal-estar social.

Ambos os candidatos, que representam duas correntes de pensamento opostas, encerraram ontem à noite suas campanhas e, segundo as últimas pesquisas, estão tecnicamente empatados.

A última pesquisa da empresa Cedatos-Gallup mostrou que os candidatos estão empatados, mas a candidatura de Correa apresentou no último trecho uma "curva em ascensão", enquanto o nível de indecisos beira os 22%.

Noboa venceu com 26,8% no primeiro turno de 15 de outubro, contra os 22,8% de Correa. Economista de 43 anos, Correa quer instalar no país uma "revolução cidadã" mediante a convocação de uma consulta popular para que o povo se pronuncie sobre a conformação de uma Assembléia Constituinte que mude totalmente a Constituição.

- Correa terá problemas para governar e concretizar suas propostas porque não tem partido que o apóie no Congresso e terá que se valer da convocação da Assembléia Constituinte - disse o analista político Simón Pachano, da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso).

Já Noboa, de 56 anos, dono de 110 empresas e que participará do segundo turno pela terceira vez consecutiva em uma eleição presidencial, promete um governo de reativação econômica, geração de empregos com a construção de 300 mil moradias em um ano e abertura comercial.

Noboa, que se autodenomina "enviado de Deus" para "salvar" o Equador, somou 28 legisladores de um total de 100 no Congresso unicameral, com o que o seu partido, o Renovador Institucional (Prian) é a primeira força política nesse Poder.

Sem dúvida Noboa não tem maioria e terá que negociar com o partido Sociedade Patriótica, do destituído presidente Lucio Gutiérrez, que tem 24 legisladores. Gutiérrez manifestou a sua vontade para "chegar em acordos" com qualquer um dos dois finalistas.

- Meu partido fará todo o possível para que não haja mais golpes de Estado e trabalhará para manter a estabilidade econômica e política - prometeu.

- Noboa também terá dificuldades para governar porque confundirá a administração de suas empresas com seus negócios, o que lhe trará problemas até com os empresários que o apóiam - ressaltou Pachano.

O analista e editor Felipe Burbano de Lara expressou que no caso de Noboa "haverá uma concentração antidemocrática de poder político e econômico no Equador".

- Nos dois casos enfrentaremos cenários muito complexos e conflituosos, e a oposição continuará funcionando dentro da lógica da desestabilização - opinou Burbano.

A última década no Equador se caracterizou pela instabilidade política na qual governaram sete presidentes, três dos quais destituídos (Gutiérrez foi o último), depois dos protestos de rua de abril de 2005, que deixaram um morto e vários feridos.

Os últimos três presidentes eleitos constitucionalmente não terminaram o seu mandato e deixaram o poder após enfrentar crises econômicas, políticas e mobilizações entre as quais as dos indígenas.

O ex-presidente Abdalá Bucaram, do Partido Roldosista Equatoriano, venceu as eleições presidenciais de 1996, mas a sua gestão econômica provocou protestos populares em massa e uma greve geral. O Congresso o destituiu por "incapacidade mental" em fevereiro de 1997 e por algumas horas assumiu a sua vice, Rosalía Artega. Na seqüência os legisladores nomearam Fabián Alarcón como presidente interino, até as novas eleições presidenciais de 1998, quando venceu Jamil Mahuad, do partido Democracia Popular.

Em 2000 se registrou a falência do sistema financeiro, a emigração de pelo menos 1,5 milhão de equatorianos e se geraram novos levantes militares liderados por um grupo de coronéis sob o comando de Gutiérrez e do grupo indígena Conaie. Mahuad renunciou e foi substituído pelo vice-presidente Gustavo Noboa. Nas eleições de 2002 venceu o ex-coronel Gutiérrez, por sua vez derrocado em abril de 2005 após denúncias de corrupção e intromissão na Cor