MUNDO

Moscou diz que EUA estão por trás de ataque de drone ao Kremlin, forças russas visam Kiev

...

Por JB INTERNACIONAL
[email protected]

Publicado em 04/05/2023 às 08:39

Alterado em 04/05/2023 às 09:25

Reprodução de vídeo mostra um objeto voador explodindo perto da cúpula do prédio do Senado do Kremlin durante o suposto ataque de drones ucranianos em Moscou, na Rússia - 3 de maio de 2023 Ostorozhno Novosti/Divulgação via Reuters

A Rússia disse nesta quinta-feira (4) que os Estados Unidos estão por trás do que diz ser um ataque de drones ao Kremlin com o objetivo de matar o presidente Vladimir Putin, enquanto as forças de Moscou dispararam mais drones de combate contra cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev .

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, sem fornecer provas, disse que a Ucrânia agiu sob ordens dos EUA com o suposto ataque de drones à cidadela do Kremlin na madrugada de quarta-feira.

Kiev negou envolvimento no incidente, que se seguiu a uma série de explosões na semana passada contra trens de carga e depósitos de petróleo no oeste da Rússia e na Crimeia controlada pelos russos. Moscou também culpou a Ucrânia por esses ataques.

"As tentativas de negar isso (ataque ao Kremlin), tanto em Kiev quanto em Washington, são, é claro, absolutamente ridículas. Sabemos muito bem que as decisões sobre tais ações, sobre esses ataques terroristas, não são tomadas em Kiev, mas em Washington", disse Peskov a repórteres.

O Kremlin disse que se reserva o direito de retaliar. Peskov disse nesta quinta-feira que uma investigação urgente estava em andamento e que qualquer resposta seria cuidadosamente considerada e equilibrada.

Separadamente, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que o suposto ataque de drone "não deve ficar sem resposta" e que mostra que Kiev não deseja encerrar a guerra de 15 meses na mesa de negociações.

 

KYIV, ODESA ALVO

Mais cedo, a Rússia disparou duas dúzias de drones de combate contra a Ucrânia, atingindo Kiev pela terceira vez em quatro dias e também atingindo um campus universitário na cidade de Odesa, no Mar Negro, antes de uma grande contra-ofensiva da Ucrânia para recuperar as terras ocupadas.

Não houve relatos de vítimas.

A administração da cidade de Kiev disse que a Rússia provavelmente disparou mísseis balísticos, bem como drones, mas que todos foram abatidos.

"Os russos atacaram Kiev usando munições e mísseis Shahed, provavelmente do tipo balístico", disse.

Mísseis balísticos são difíceis de abater, e sua derrubada pode indicar que a Ucrânia usou sofisticados sistemas de defesa aérea fornecidos pelo Ocidente contra eles.

No total, as defesas aéreas derrubaram 18 dos 24 drones "kamikaze" no ataque antes do amanhecer, disseram autoridades. Dos 15 drones disparados contra Odesa, 12 foram abatidos, mas três atingiram um campus universitário, disse o comando militar do sul.

Um bombardeio na região de Donetsk danificou uma usina elétrica de propriedade da empresa de eletricidade DTEK Energo, mas nenhuma vítima foi relatada, disseram a DTEK e o Ministério da Energia.

O número de mortos pelo bombardeio russo de Kherson e seus arredores no sul da Ucrânia nessa quarta-feira (3) subiu para 23, disse o governador regional Oleksandr Prokudin.

"Os alvos do inimigo são os lugares onde vivemos. Seus alvos são nossas vidas e as vidas de nossos filhos", disse ele em um vídeo online nesta quinta-feira, depois que um hipermercado, uma estação ferroviária e prédios residenciais foram atingidos.

A Rússia nega ter alvejado civis na Ucrânia.

Os serviços de emergência russos extinguiram rapidamente um incêndio na refinaria de petróleo de Ilsky, uma das maiores do sul da Rússia, depois que um ataque de drone incendiou as instalações de armazenamento de produtos, informou a agência de notícias Tass.

A Ucrânia raramente assume a responsabilidade pelo que Moscou diz serem frequentes ataques de drones contra infraestrutura e alvos militares, principalmente em regiões próximas à Rússia.

 

'TOTAL PODER DA JUSTIÇA'

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, visitou a Corte Internacional de Justiça (TPI) em Haia nesta quinta-feira e disse que Putin deve ser levado a julgamento por causa da guerra.

O TPI emitiu em março um mandado de prisão para Putin por suspeita de deportação de crianças da Ucrânia.

"O agressor deve sentir todo o poder da justiça. Essa é nossa responsabilidade histórica", disse Zelenskiy em um discurso.

A Rússia, que não é membro do TPI e rejeita sua jurisdição, nega ter cometido atrocidades durante sua "operação militar especial" na Ucrânia, que diz ser necessária para proteger sua própria segurança contra um Ocidente hostil e agressivo.

Zelenskiy, cujo país recebeu substancial apoio militar e financeiro ocidental, prometeu levar todas as forças invasoras russas de volta às fronteiras estabelecidas em 1991 após o colapso da União Soviética.

Atualmente não há negociações de paz para acabar com a guerra, que devastou vilas e cidades ucranianas, matou milhares de pessoas e expulsou milhões de suas casas.

O Kremlin disse nesta quinta-feira que está ciente de que o Papa Francisco está pensando em maneiras de acabar com a guerra, mas que não sabe de nenhum plano de paz detalhado do Vaticano. (com Reuters)