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UE tenta evitar 'catástrofe' de Brexit sem acordo

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A "catástrofe" de um Brexit sem acordo ganha força à medida que se aproxima a data de saída do Reino Unido, em março de 2019, enquanto os europeus estudam uma cúpula extraordinária em novembro para alcançar um pacto no período acordado.

"Lamentavelmente, o cenário de uma falta de acordo continua sendo possível. Mas se agirmos com responsabilidade, poderemos evitar a catástrofe", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em uma carta dirigida aos líderes do bloco.

Os 28 chefes de Estado e de Governo se reúnem nesta quinta-feira em Salzburgo (Áustria) para abordar o tema conflituoso da migração e da proteção das fronteiras, mas também aproveitarão para repassar a negociação da separação com o Reino Unido.

O tempo é curto. Os líderes planejavam chegar a um acordo final sobre o divórcio e o futuro relacionamento com o Reino Unido em sua reunião de 18 de outubro em Bruxelas, um prazo - agora inatingível - adiado para novembro, embora com alertas.

Se "no final ou em meados de novembro" nenhum acordo for alcançado, "os agentes econômicos que dependem do resultado do Brexit entrarão em uma espiral de grande incerteza", alertou uma fonte diplomática europeia, que pediu anonimato.

Para evitar um cenário de falta de acordo, os líderes do bloco abordarão o andamento das negociações com "três objetivos em mente", incluindo a possibilidade de realizar uma cúpula extraordinária em novembro, segundo o líder de origem polonesa.

Embora a saída do Reino Unido esteja agendada para 29 de março, o acordo deve estar pronto em novembro para dar tempo de ser ratificado tanto pelo Parlamento britânico quanto pelo europeu.

"Estamos na reta final desta negociação (...), mas precisamos avançar decisivamente na questão irlandesa", afirmou o principal negociador da UE, Michel Barnier, nesta terça-feira, após uma reunião ministerial em Bruxelas.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, que apresentará sua proposta para a negociação aos seus 27 parceiros durante um jantar na noite de quarta-feira na cidade de Mozart, expressou confiança nesta segunda-feira de que alcançarão um "bom acordo".

Seu otimismo, no entanto, colide com a rejeição europeia a pontos de suas ideias para o futuro relacionamento.

Um Brexit sem um acordo significaria "custos substanciais" para a economia britânica e é por isso que é "crucial" para Londres entrar em acordo com Bruxelas", advertiu o Fundo Monetário Internacional (FMI) na segunda-feira em seu relatório anual sobre o Reino Unido.

As vozes que clamam por um segundo referendo sobre o Brexit também estão ganhando força no Reino Unido.

O último a aderir à campanha foi Sadiq Khan, prefeito do trabalhista de Londres, que no sábado se declarou favorável à organização de uma nova consulta.

Entre os que defendem essa ideia também estão os ex-primeiros-ministros Tony Blair (trabalhista) e John Major (conservador) e o ex-jogador de futebol Gary Lineker, que jogou nos anos 1980 no Barcelona.

Líderes do Partido Liberal-Democrata, a única formação comprometida com um segundo referendo, apresentaram novos argumentos durante o congresso do partido nesta terça-feira em Brighton, no sul da Inglaterra.

Vince Cable, líder do partido, pediu para a primeira-ministra Theresa May "liderar seu partido e o país abrindo sua mente para uma votação popular sobre o acordo final" do Brexit.

"O Brexit não é inevitável. Ele pode e deve parar", disse ele, garantindo que nos próximos meses o futuro do Reino Unido será decidido "pelas próximas décadas".

No entanto, o Partido Conservador de May se opõe veementemente à ideia de um novo referendo, e a oposição trabalhista, embora não tenha rejeitado oficialmente essa possibilidade, não a inclui em sua linha oficial.

Tags:

Brexit | política | UE