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Salvini, o 'czar da imigração', vira capa da revista 'Time'

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O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, é a nova capa da revista norte-americana "Time", que o apresenta como a "nova face da Europa" e o "czar da imigração". A reportagem chega no momento em que o secretário da Liga angaria cada vez mais apoio entre os italianos com suas políticas contra a migração no Mediterrâneo, mas também hostilidade no exterior - o presidente da França, Emmanuel Macron, o trata como "inimigo" - e até processos na Justiça por causa de sua conduta.

"A nova face da Europa: Matteo Salvini, o czar da imigração na Itália, está em missão para desfazer a União Europeia", diz a Time, que publica uma longa entrevista com o ministro. A correspondente da revista em Roma, Vivienne Walt, fala do italiano como o "homem mais temido na Europa".

Na entrevista, Salvini diz que quer "salvar os valores europeus" e que o espírito do bloco foi "traído" por aqueles que guiam a união. "Escolhi mudar as coisas a partir de dentro, o que provavelmente é mais longo e complicado, porém é a solução mais concreta", explicou o ministro, que antes defendia o rompimento total com Bruxelas.

"A história nos confiou a tarefa de salvar os valores europeus, como as raízes judaico-cristãs, o direito ao trabalho, o direito à vida", declarou, defendendo também sua batalha contra os migrantes. "Se reduzirmos os crimes e a presença de clandestinos, podem me chamar de racista à vontade", disse.

UE

Secretário da ultranacionalista Liga, Salvini abandonou os anseios separatistas do partido, tirou a palavra "Norte" de seu nome e o transformou em uma potência da extrema direita europeia, conseguindo algo que nem Marine Le Pen alcançou: chegar ao governo.

Oficialmente, Salvini é ministro do Interior e vice-primeiro-ministro, mas é reconhecido internamente e no exterior como a principal figura do governo, obscurecendo o discreto premier Giuseppe Conte. Sua postura, no entanto, vem fomentando reações na UE.

Nesta quinta-feira (13), o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, insinuou uma comparação com o ditador fascista Benito Mussolini. "Há um clima que se assemelha muito aos anos 1930. Claro, não devemos exagerar, não há nenhum Hitler, mas talvez alguns pequenos Mussolini", disse.

Mesmo que não tenha sido citado, Salvini acusou o golpe e reagiu. "O comissário Moscovici, ao invés de censurar sua França, que rejeita imigrantes em Ventimiglia [na fronteira italiana] e bombardeou a Líbia, ataca a Itália e fala de pequenos Mussolini na Europa. Que lave a boca antes de insultar a Itália, os italianos e seu legítimo governo", rebateu.

Salvini também está sob investigação na Sicília por "sequestro de pessoas", por ter impedido mais de 100 migrantes de descerem de um navio ancorado por cinco dias no Porto de Catânia. Ele, no entanto, rebate que os italianos estão do seu lado.

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