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Pag. 22 - Etiópia, Jamaica e Marrocos também estão repatriando

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O equatoriano Victor Lopez, 49, está se preparando para deixar os Estados Unidos depois de 21 anos. A decisão foi tão difícil que ele conta que “ainda tremia” quando visitou o escritório do governo para preencher a papelada.

Lopez voltará por várias razõe: suas horas como gerente de restaurante chegaram ao fim, ele está cansado de esperar por um green card (visto permanente de imigração concedido pelos Estados Unidos) e passou boa parte do tempo longe dos filhos. Mas a economia, conta, foi a gota d’água.

– Não importa o que eu faça, faço para pagar as contas – comenta. – Posso trabalhar para sobreviver lá, e estarei cercado por toda a minha família.

O Equador não é o único país a oferecer auxílio para os nativos voltarem. Muitos países, incluindo Etiópia, Jamaica e Marrocos, abrem mão das consideráveis taxas de importação sobre bens trazidos de volta. Al guns, como El Salvador e México, oferecem passagens de ônibus e assistência educacional para trazer de volta pessoas deportadas de outros países.

Especialistas em imigração informam, contudo, que o Equador faz uma das promoções mais agressivas – em Nova York, são encontrados anúncios em pontos de ônibus e em redes de televisão de língua espanhola, pagos pelo seu ministério especial dedicado a assuntos migratórios.

Em hipótese alguma, o programa estimulou um êxodo.

A população equatoriana em Nova York aumentou gradualmente na última década, para aproximadamente 175 mil pessoas. Entretanto, o número daqueles que deixam o país também cresceu.

Pablo Calle responsável equatoriano pelo programa no Queens, diz que o escritório da Casa Equatoriana foi inundado por pedidos de ajuda para retornar.

Recentemente, dezenas de pessoas quiseram se registrar no programa ou aprender mais sobre ele.

– Todos vêm para cá – conclui Calle. Muitos deles, jovens e idosos, dizem que estão cansados da vida de imigrante.

Luis Paramo, 32, motorista de caminhão, conta que seu trabalho foi se tornando improdutivo nos últimos dois anos. Depois de sete anos nos EUA, ele e a esposa, Isabel, estão planejando retornar à casa da família no Equador. Eles dizem que muitos amigos em Nova York já voltaram.

– Aqui você precisa pagar aluguel, comprar comida – afirma Paramo. – Lá, estarei com a minha família, então será mais fácil. Fico feliz por estar voltando, mas estou apavorado por ter que começar novamente.

Calle descreveu o programa como um serviço essencial para os imigrantes fatigados, mas também uma forma de desenvolver o Equador, país andino que está desfrutando de melhoras na economia e do clima político mais estável.

– As pessoas partiram por causa da falta de oportunidades – explica Calle. – Para voltar, queremos dar a elas uma oportunidade de desenvolver o país e suas comunidades.

Tradução: Maíra Mello.