Interceptações telefônicas anexadas a inquéritos da Operação Lava Jato revelam diálogos entre senador baiano Walter Pinheiro e Otávio Marques de Azevedo, que era presidente da holding da Andrade Gutierrez, uma das controladoras da Oi até 2014. Nos diálogos, Pinheiro reclamava com veemência da qualidade do serviço de telefonia: "Onde estão os megabytes prometidos? Reclamar de quem, a quem e pra quem???? Como sofre o usuário comum!", diz uma mensagem de Pinheiro, hoje licenciado do Senado e titular da Secretaria da Educação da Bahia.
As conversas mostram também uma série de ocasiões em que o político e o empreiteiro combinavam reuniões. Azevedo chama o baiano de "meu senador predileto" e faz um trocadilho nas festas de final de ano em 2012: "Natal é hora de cada um ter o seu PINHEIRO por perto para celebrar."
Naquele mesmo ano, os dois discutiram doações para a campanha do então candidato petista em Salvador, Nelson Pellegrino. Pellegrino, por sua vez, foi relator de CPI criada para apurar irregularidades nas privatizações de empresas de telecomunicações e na incorporação da Brasil Telecom pela Oi, onde teve de haver inclusive mudança na legislação das telecomunicação.
A CPI, aliás, não deu em nada.